Profissionais autônomos, independente do segmento, necessitam de uma boa gestão envolvendo tanto as finanças do negócio como também as finanças pessoais, afinal, estas acabam caminhando praticamente juntas. Boa parte dos profissionais da área da saúde, como médicos, dentistas, psicólogos e nutricionistas, muitas vezes optam por seguir carreira como autônomos, com o desenvolvimento de suas próprias clínicas. Porém, muitas vezes, a seja por falta de base ou por falta de tempo, a gestão das finanças é deixada de lado, e isso pode trazer, para estes profissionais da saúde, um problema de saúde um pouco diferente, envolvendo o “órgão” mais sensível do nosso corpo: o bolso!
Durante a faculdade, profissionais da saúde acabam se capacitando para saírem especialistas na área em que vão atuar, e, seguem fazendo diversos cursos de especialização, cada vez tornando-se mais referência no que fazem. Por outro lado, conhecimentos sobre a gestão de seus negócios e das suas finanças pessoais são abordados de forma bem resumida, ou até, deixado de lado em muitas formações.
Isso faz com que muitos destes profissionais tenham a impressão de que, no final das contas, trabalham, trabalham e trabalham, mas não sabem onde está o dinheiro e, mais do que isso, até se enrolem com dívidas, mesmo com bons faturamentos. Pensando nisso, resolvemos trazer algumas dicas para este público:
1. Finanças Pessoais x Finanças dos Negócios
O primeiro grande passo para evitar dores de cabeça envolvendo o dinheiro é separar as finanças pessoais das finanças do negócio. Tenha controles, reservas, contas e cartões separados. Tudo que é gasto relacionado ao negócio deve ser pago pelas contas do negócio, e vice e versa. Tente definir um valor fixo que será transferido todo mês da conta do negócio para a sua conta pessoal. Este valor será o seu pró-labore, que funcionará como o seu salário. Nos meses mais positivos, você também poderá ter uma retirada dos lucros, que será como um bônus pelos bons números do mês. Porém, evite retirar tudo. No cenário de lucro, divida uma parte para você e uma parte para ser reinvestida no negócio. Lembre-se também que no começo do negócio e em algumas etapas, é preciso aportar dinheiro do seu bolso no negócio. Veja, que no final das contas, é uma via de duas mãos. E sempre anote tudo.
2. Planejamento Financeiro
Evite viver a mercê de sustos. Fazer um planejamento financeiro te ajudará a minimizar estes sustos e direcionar para onde você quer levar o seu negócio. Para fazer este planejamento, levante todos os gastos fixos do negócio e projete-os ao longo dos meses. Levante quanto você gasta com aluguel, água, eletricidade, salários, internet, telefone, entre tantos outros gastos. Lembre-se também dos gastos que não aparecem sempre o que estão “escondidos”, como tarifas bancárias, hospedagem de site, provedor de e-mails. Faça também uma projeção das suas receitas, pelo seu histórico, sazonalidades e por suas expectativas. A partir destes valores, você também conseguirá projetar os gastos variáveis, como impostos, comissões e encargos de máquinas de cartão. Por fim, verifique, de acordo com as suas expectativas, qual o resultado esperado mês a mês.
3. Acompanhamento e Controle
Um planejamento financeiro feito e nunca mais olhado não servirá de nada. Uma vez que estiver feito, você precisará acompanhá-lo mês a mês. Para isso, é importante que você registre todos os seus gastos e suas receitas. Esse registro pode ser feito no papel, numa planilha ou em num sistema. Não importa a forma de registro, o importante é ter estes números em algum lugar, que não seja na sua cabeça. Com base nestes registros, faça uma comparação de quanto você gastou e recebeu em relação ao que havia planejado. Percebendo que os números não estão bons, busque entender o motivo e faça um plano de ação para melhorar a situação.
4. Foque nos custos estratégicos
No livro “Dobre seus Lucros”, o autor Bob Fifer apresenta uma divisão muito interessante entre os custos: estratégicos x não estratégicos. Os custos estratégicos são todos aqueles que diretamente contribuem para gerar mais negócios, e, consequentemente, aumentar os lucros. Já os custos não estratégicos são aqueles necessários para o funcionamento da empresa, mas que não contribuem para gerar negócios de forma direta ou clara. Desta forma, priorize em “investir” nos custos estratégicos. São eles que farão os seus números crescerem.
5. Busque economias nos custos não estratégicos
Os custos não estratégicos não contribuem de forma direta ou clara para a geração de negócios. Dessa forma, busque economizar o máximo possível neles. Busque opções para economizar com taxas, tarifas bancárias e outros gastos que não agreguem valor ao seu serviço, para que a economiza possa ser direcionada para os gastos estratégicos. Para estes custos, sempre vale a comparação de preços, buscando sempre o melhor custo/benefício.
6. Conheça seu mercado e seus concorrentes
Praticamente todos os produtos e serviços possuem algum concorrente. O mesmo acaba acontecendo com médicos, dentistas, psicólogos e nutricionistas. Verifique na sua região quais são os profissionais que fazem o mesmo que você, quanto eles cobram, quais planos de saúde eles atendem, onde eles atendem e como é o espaço deles. Da mesma forma, sempre dê ouvido aos seus clientes, pois o feedback deles pode ajudar muito nas ações a serem tomadas, visando sempre melhorar o que você está oferecendo. Explorando bem estes pontos, você terá uma boa base para te ajudar a calcular os seus preços.
7. Indicadores: uma forma de você saber o que está acontecendo com o negócio
Muitos mais do que ter os números no papel, é importante analisá-los e saber o que eles estão mostrando. Para isso, busque indicadores e crie metas em cima deles. Alguns números interessantes de serem levantados em indicadores são: faturamento, custos fixos, custos variáveis, custos por categorias, lucro, número de clientes, ticket médio, satisfação dos clientes, entre diversos outros.
8. Não gosta de números ou não tem tempo? Busque ajuda!
Profissionais autônomos da área da saúde costumam, na maioria dos casos, se enquadrar em uma destas situação (em alguns casos, não em uma, mas nas duas): não tem tempo para fazer uma boa gestão financeira do negócio ou não gostam dos números. Em ambos os casos, visto que a gestão financeira será deixada de lado, é importante buscar ajuda para evitar que isto aconteça. Busque opções como sistemas, estagiários ou assessorias que possam ajudar você a mandar nas finanças do seu negócio, e não o contrário.