Educação Financeira após a Aposentadoria

Educação Financeira após a Aposentadoria

Muita gente acha que a Aposentadoria é sinônimo de sossego, pois afinal, após muitos anos trabalhando para sustentar a vida e fazendo um pé de meia para quando parar de trabalhar, uma hora a recompensa vem e pode-se curtir a vida da melhor forma, sem empecilhos, inclusive, financeiramente falando. O cenário ideal seria este mesmo, porém, nem todos conseguem fazer esse “pé de meia”, e muitos até conseguem, mas ele não é o suficiente.

Antes de mais nada, já é evidente o envelhecimento da população. As pessoas estão tendo menos filhos e, por conta dos avanços da medicina, as pessoas estão vivendo até mais tarde. Segundo o IBGE, a expectativa de vida do brasileiro é de 75,8 anos. Ou seja, de acordo com as atuais regras do INSS e da Previdência Social, os homens têm, pelo menos, 10 anos de Aposentadoria e as mulheres pelo menos 15. E, sustentar todos esses anos sem ter uma renda prévia ou uma boa previdência pode não ser tão simples.

Planejamento

O primeiro grande passo, já pensando na educação financeira, é, desde os primeiros anos de trabalho, planejar o quanto do salário, mês a mês, será guardado para o futuro.

Conforme os salários vão aumentando, é importante que essa proporção também sejam mantidas no valor guardado. Mais do que guardar, é necessário investir tal valor, afinal de contas, o dinheiro guardado acaba perdendo seu poder de compra com o tempo, por conta da inflação.

A escolha do investimento também deve ser cuidadosa ou com a ajuda de especialistas. Existem muitos investimentos em bancos ou previdências que possuem altas taxas e baixas rentabilidades, e, no final das contas, perdem até para a inflação. Para quem está no começo desse “Plano de Previdência Particular”, pode-se até buscar investimentos Super Dinâmicos, pois o prazo elevado reduz alguns riscos.

Estudos do SPC Brasil e do Meu Bolso Feliz mostram que, na terceira idade, a maior parte das pessoas se diz satisfeita com a própria situação econômica, porém, 57% não fez nenhuma reserva financeira pensando em eventualidades ou emergências. Dos que possuem reservas, a maior parte está em Poupança ou em Imóveis.

Outro número que chama a atenção é do uso do meio digital para fazer operações financeiras. Apenas 9% afirmam fazer transações bancárias e pagar contas pela Internet. No cenário de Inadimplência, também chama a atenção o crescimento do número de inadimplentes por faixa etária:

E dívidas deixadas para o final da vida acabam sendo uma dor de cabeça para os herdeiros. Quando morre, o patrimônio dela passa a ser chamado de espólio (conjunto de bens, direitos e obrigações). Este será partilhado entre os herdeiros no inventário. Logo, quem tinha dívidas acaba deixando-as para seus herdeiros.

Logo, a preparação da sucessão patrimonial também é uma medida importante visando evitar futuros gastos com impostos.

Controle

O controle dos gastos e receitas é fundamental em todas as etapas da vida, inclusive na Aposentadoria. Registrar os gastos em cadernos, planilhas ou aplicativos permite que a pessoa mantenha o controle sobre o seu dinheiro, e não o contrário. Esse controle deve ser feito também em relação às entradas e com a projeção dos saldos, pois, ninguém quer virar devedor justo na hora em que deixou de trabalhar.

Vale lembrar também que na Aposentadoria, há algumas mudanças em relação os gastos. Para aqueles que trabalharam em empresas, alguns benefícios, como Vales Alimentação e Transporte e Plano de Saúde (lembrando que quanto mais velho, maior o valor), deixam de ser benefícios e passam a ser cobranças mensais. Os gastos com despesas médicas também costumam a ser mais rotineiros e maiores do que nos anos anteriores. Por outro lado, despesas com filhos não devem mais entrar nas contas dos pais, mas sim, entrar como receitas, quando os filhos passam a ajudar os pais. É até possível considerar a mudança de casa para um local menor e mais aconchegante.

As atividades também são alteradas. Antes, na maior parte do tempo a pessoa passava no trabalho. Agora, esse tempo sobra e precisa ser ocupado com outras coisas, como esportes, artesanatos ou atividades culturais (lembrando que em várias cidades, há incentivos para essas atividades, como meia no cinema, passagem de ônibus gratuita). E também, não é porque se aposentou que a pessoa precisa parar de trabalhar. É uma boa época para montar o próprio negócio, numa área em que haja interesse. Isso acaba sendo uma boa estratégia para não parar de vez e ainda ter uma renda recorrente.

Nos estudos do SPC Brasil e Meu Bolso Feliz, apenas 38% das pessoas entrevistadas dizem fazer um controle efetivo sobre as finanças. 40% fazem tudo de cabeça e 14% não fazem nenhum controle.

Investimentos

Nesta fase, também é preciso tomar cuidado com os investimentos. Basicamente, são necessários investimentos que tragam um grau de risco minimizado, pelo perfil das pessoas, e também, investimentos que tenham uma boa liquidez (ou seja, investimentos que possam ser “transformado” facilmente em dinheiro).

Se considerarmos imóveis, por exemplo, com exceção daqueles que usam para tirar uma renda do aluguel, investir nesse tipo de negócio para compra e venda pode não ser a melhor opção, pois a liquidez dos imóveis é baixa, logo, a pessoa pode ter problemas para vender seu ativo.

Investimentos mais arriscados, como ações, também podem não ser o melhor tipo de investimento para essa etapa da vida, afinal de contas, existem duas estratégias que podem ser trabalhadas com ações: fundamentalistas, que demanda um longo prazo, ou a técnica, que aí sim pode trazer grandes retornos imediatos, mas também pode resultar em perdas, e, além de tudo, exige um acompanhamento constante.

Começar uma previdência privada já próximo a aposentadoria também não é a melhor das escolhas, pelo pouco tempo de acumulação que permita usufruir seus benefícios.

A saída é buscar investimentos mais conservadores mas que também tenham uma boa faixa de rentabilidade para sua categoria. O Tesouro Selic, fundos de investimentos disponíveis em corretoras e alguns outros títulos de renda fixa, como CDB com liquidez diária, são as alternativas para pelo menos ter o dinheiro corrigido pela inflação.

Concluindo, a vida após a aposentadoria deve ser de tranquilidade e que possibilite aproveitar o resto da vida, afinal, foram várias décadas trabalhando para juntar dinheiro e poder pagar as contas do presente e também guardar dinheiro para o futuro. Porém, todo o cuidado e planejamento devem ser tomados para evitar e amenizar problemas nessa nova etapa.

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