O que é IPCA e como ele afeta os investimentos?

O que é IPCA e como ele afeta os investimentos?

Nos últimos anos, tem crescido cada vez mais no Brasil a quantidade de pessoas que começam a investir na Bolsa de Valores. São homens, mulheres, jovens e até idosos, o que traz à tona temas paralelos, como a importância do IPCA.

Sigla para Índice de Preços para o Consumidor Amplo, o que esse indicador aponta são as inflações e deflações do mercado nacional. Tanto que o próprio IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realiza e publica esse cálculo mensalmente.

Também assim, o próprio Banco Central do Brasil (Bacen) considera o IPCA como sendo o índice oficial do país quando o assunto são as variações nos preços de produtos, seja ao lidar com indústrias primárias e secundárias ou com um serviço motoboy.

Tudo pode ser medido por essa régua, que se tornou fundamental após os anos de 1980 e 1990, época brasileira que ficou conhecida por sua hiperinflação. 

À altura os preços oscilavam sem controle, podendo chegar a custar dez vezes mais caro no mesmo dia, aumentando das nove da manhã até às nove da noite, por exemplo.

Inclusive, essa é uma das razões de ser do IPCA, que serve para regular esse cenário macroeconômico e ajudar a fazer com que crises mais abrangentes não ocorram. Também é aí que entra sua relação com os investimentos.

Ou seja, além de medir a variação natural de preços de produtos (e, indiretamente, de serviços), ele se tornou um instrumento de correção de aplicações financeiras, como para quem investe no Tesouro Direto.

Por isso decidimos escrever este artigo, trazendo alguns conceitos indispensáveis para entendermos melhor como o IPCA afeta os investimentos e até a rotina de todos nós, já que todos somos, inevitavelmente, consumidores de produtos e serviços.

Quando qualquer um de nós contrata algo como reformas de casas, por trás dos valores que vão ser praticados ali há fenômenos macroeconômicos que o IPCA ajuda a entender, como questões de produção, impostos, importações de matéria-prima e afins.

Mas nosso foco aqui recai sobre quem investe. Como vimos, essa tendência tem crescido no Brasil, pois só entre 2019 e 2020 mais de dois milhões de novos investidores entraram na Bolsa de Valores, segundo pesquisa da B3 – Brasil, Bolsa, Balcão.

Então, se você quer entender melhor sobre esse universo, que é encantador e ao mesmo tempo delicado, pois exige muita atenção e estudo, basta seguir adiante na leitura.

Como exatamente funciona o IPCA?

Até aqui já ficou claro que o IPCA mexe no bolso dos consumidores, assim como altera os investimentos de quem está focado na Bolsa de Valores, ou mesmo em outros investimentos, como no Tesouro Direto.

Na prática, existem vários índices que calculam a inflação e a deflação do Brasil, tanto pelo IBGE quanto pelo Bacen. Mas o IPCA tem a vantagem de ser o mais completo, e de levar em conta o território nacional inteiro, de Norte a Sul.

Assim, ele pode abranger desde clientes de uma pequena mercearia em regiões interioranas, até uma empresa de refeições coletivas que presta serviço em grandes capitais. O alcance para isso é mais complexo, porém, a fórmula é simples.

O alcance está em selecionar pessoas e famílias que morem em todo tipo de região, ganhando salários comprovados entre um e quarenta vezes em relação ao piso salarial do país. Isso é o que eles chamam de representatividade populacional.

Os tipos de gastos e o peso percentual que eles têm são os seguintes (baseado em publicação do último período, segundo o IBGE):

  • Alimentação e bebidas: 18,9%;
  • Habitação: 15,1%;
  • Transportes: 20,8%;
  • Educação: 5,9%;
  • Vestuário: 4,8%;
  • Artigos de residência: 4,0%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 13,4%;
  • Comunicação: 6,1%;
  • Despesas pessoais: 10,5%.

Isso demonstra o detalhismo da operação. Depois vem a aplicação dos números, que mensura as compras mensais dessas pessoas pesquisadas. Para descobrir a variação do IPCA, basta comparar as compras e valores de um mês com outros.

A inflação ocorre quando se torna possível comprar menos coisas com o mesmo valor, o que indica que o dinheiro se desvalorizou. Por exemplo, se hoje setenta reais compra 1 kg de doces finos para festa infantil, e amanhã apenas 800 gramas, houve inflação de 20%.

Já a deflação vai no sentido contrário: às vezes os valores de matérias-primas e afins caem, portanto, um produto se torna mais barato, o que valoriza o dinheiro e permite que ele compre mais coisas com a mesma quantidade monetária.

A relação do índice com os investimentos

Basicamente, toda a rentabilidade que uma nação é capaz de gerar acaba sendo afetada pela inflação ou deflação de preços. Isso quer dizer que toda rentabilidade potencial pode ser mensurada pelo IPCA.

Sendo que a rentabilidade, por sua vez, pode estar relacionada a um salário fixo de um funcionário público, do setor de entrega de documentos em repartições governamentais, como pode dizer respeito ao investimento em Renda Fixa, por exemplo.

Ademais, dada sua influência no poder de compra da unidade monetária, os investimentos mais comuns também se relacionam com ele. Na prática, sempre que o IPCA se altera, o rendimento real de um investimento ou montante de dinheiro também se altera.

Se o IPCA se move para o extremo da inflação, esta sobe e o rendimento diminui. Já se ele se move para o outro extremo, o da deflação, o poder monetário aumenta e com ele o rendimento também aumenta.

Vamos a um exemplo ainda mais claro de como o IPCA pode ser importante. Imagine que você comprou uma ação de uma empresa de demolição de casas, e ela valorizou mais de 15% em um ano. Isso é excelente, porém, a fórmula não está completa.

Na verdade, se a inflação do mesmo período tiver sido de 5%, então na verdade as ações só vão ter valorizado 10%, e não os 15% nominais. Continua sendo uma bela margem, mas é importante saber que o índice nominal pode confundir.

Por isso, o ganho real de um investimento depende totalmente da aplicação do IPCA. Lembrando que ele pode revelar que a inflação lapidou um pouco o retorno, ou revelar que houve uma deflação, o que amplia positivamente o retorno.

No mundo dos investimentos, é sempre bom conseguir levar em conta o máximo possível de informações e índices. No fim das contas, isso ajuda a ponderar os prós e contras de cada ação da carteira, determinando o que deve permanecer e o que deve mudar.

Como fazer uma leitura prática?

Na prática, o IPCA é calculado entre os extremos de “altas” e de “baixas”, mais ou menos como ocorre com as próprias ações da Bolsa de Valores.

Assim, quando os índices IPCA sobem, os produtos certamente vão sofrer uma elevação de valor de mercado, o que vai refletir uma inflação. Como mencionamos, o Brasil já teve uma experiência traumatizante com isso, na década de 1990.

Quando o dinheiro oscila demais e perde valor muito rápido, todo o mercado econômico acaba ficando desorientado e sem um norte seguro. Portanto, as medidas que o Bacen toma começam por equilibrar de novo o IPCA.

Um exemplo é o ajuste anual do salário mínimo. Ele costuma ser ajustado com base na variação que o IPCA sofre, para que o poder de compra das pessoas não diminua incontrolavelmente, enquanto os valores sobem.

O que causa essas subidas, descidas e oscilações são as leis de oferta e demanda. Se você pegar um catálogo de empresas de qualquer país do mundo, vai perceber que os tipos de produtos e serviços que elas servem ao público são muito variados.

Há os setores primários (de extração de matéria-prima na natureza), os secundários (de indústrias e confecção de bens de consumo) e os terciários (que são os de serviços e afins).

Por fim, é a procura por um produto/serviço, cruzada com sua disponibilidade, que determina se ele vai custar mais ou menos no valor de mercado. Assim, o IPCA também vai indicar ou refletir a potencialidade dessas relações de compra e venda.

Considerações finais

Um dos nossos maiores esforços aqui foi deixar claro que o maior inimigo não apenas do IPCA, mas do mercado como um todo e mesmo de uma nação, é a inflação econômica.

O problema central é que ela pode vir de várias direções diferentes, desde situações da sociedade civil (como as tendências que tiram um produto de circulação e elevam outros), até questões geográficas como desastres climáticos, ou mesmo decisões políticas.

Ou seja, a realidade de uma empresa de manutenção predial pode ser alterada por desequilíbrios dos gastos públicos, ou por cartéis empresariais que atuam no seu mesmo nicho de mercado, ou ainda por uma simples inércia do cenário econômico.

São muitas variáveis, com certeza. Se ela só pode enxergar diretamente o aumento nos custos de produção, e sofrer as eventuais baixas na produção, por outro lado ela pode aplicar o IPCA em seus planos, para tirar estratégias de médio e longo prazo.

Com isso, fica claro que tanto empresários quanto assalariados, e sobretudo investidores, podem aprender muito com o Índice de Preços para o Consumidor Amplo. Com as dicas dadas acima, isso fica ainda mais fácil.

Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.

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