Aqui no Brasil, você pode investir em grandes empresas como Ambev, Petrobras, Itaú e Bradesco através do mercado de ações. Além destas empresas, muita gente também gostaria de ter aplicações em empresas estrangeiras, como Coca-Cola, Amazon, Apple Google, Microsoft e Facebook. Também por conta do mercado de ações, isto também é possível, porém, por serem empresas listadas em bolsas de valores de outros países, o processo é um pouco diferente.
Uma das maneiras mais tradicionais para investir nas ações estrangeiras é por meio dos Brazilian Depositary Receipts, os BDR’s. Estes não são as ações estrangeiras propriamente ditas, mas sim, certificados que representam estas, permitindo, então, a negociação dos ativos estrangeiros por meio da B3, a bolsa de valores brasileira.
Ou seja, quem compra um BDR não compra diretamente as ações, mas sim, um título representativo. As ações existem lá fora, e, quando são negociadas como BDR’s, precisam ficar depositadas e bloqueadas em uma instituição financeira que atua como custodiante.
Além do custodiante, há uma instituição financeira que assegura o funcionamento deste investimento, que é quem emite os BDR’s, chamada de depositária. Uma vez que isso é feito, é preciso ser feito um registro na Comissão de Valores Mobiliários, a CVM.
Para você ter uma noção, no Brasil existem pouco mais de 350 empresas com ações listadas, enquanto o número de empresas com BDR’s disponíveis para negociação é de cerca de 550.
OS BDR’s são classificados como Patrocinados e Não-Patrocinados. O tipo patrocinado é aquele em que a empresa emissora das ações participa do programa, ela mesmo contratando uma instituição depositária. Isso acontece porque a empresa tem interesse em estar presente no mercado brasileiro. Os BDR’s patrocinados são divididos em três níveis:
- Nível I: não precisam de registro de companhia na CVM e só podem ser negociados em mercados de balcão não-organizado ou em segmentos específicos. O número de investidores é limitado a 50 e a instituição depositária precisa replicar aqui no Brasil todas as informações que a empresa emissora tem obrigação de divulgar no seu país de origem.
- Níveis II e III: em ambos os casos, a empresa emissora precisa obter um registro na CVM e podem ser negociados no pregão da bolsa ou em balcão organizado. As companhias emissoras precisam seguir as mesmas regras de transparência e governança para as empresas listadas na bolsa brasileira. A diferença entre estes dois tipos é que o nível II só pode ser alvo de ofertas públicas com esforços restritos e o nível III pode ser ofertas públicas de maneira ampla.
Já os BDR’s não patrocinados, sempre considerados nível I, tem a iniciativa de lançamento aqui no Brasil não por parte da empresa emissora, mas sim, da instituição depositária.
Assim como acontece com as ações de empresas listadas na B3, para a negociação de BDR’s na bolsa também é preciso códigos. Estes também são compostos por quatro letras, e são seguidas pelos números 32 (se forem nível II), 33 (se forem nível III) ou 34/35 (se forem não patrocinados). Por exemplo, os BDR’s não patrocinados na Amazon são AMZO34. Lembre-se que as cotações são sempre em Reais.
Recentemente a B3 reduziu o lote mínimo para negociação de BDR’s. BDR’s nível I passaram de 10 para 1 e BDR’s níveis II e III passaram de 100 para 1. Outra mudança foi a possibilidade de investidores não qualificados (pessoas com menos de R$ 1 milhão em aplicações financeiras) poderem negociar BDR’s nível I.
Assim como no mercado de ações, as operações de compra e venda de BDR’s é feita por meio de uma corretora de valores, podendo ter a cobrança de uma taxa de corretagem para cada operação, além da existência dos emolumentos, pagos à B3. Há imposto de renda sobre ganhos obtidos com as operações, com alíquota de 15%. Há também o repasse de proventos. O prazo de liquidação é D+2.
De uma maneira geral, o mercado de BDR’s tem muita similaridade com o mercado de ações, afinal, são títulos relacionados à ações negociadas fora do país. Logo, assim como as ações, lembre-se que este também é um investimento de renda variável, de alto risco, que exige boas estratégias. Trata-se de uma boa forma de diversificação, com investimentos expostos às variações de preços de ativos estrangeiros, com operações realizadas todas no Brasil.