O Certificado de Operações Estruturadas, mais conhecidos como COE, há pouco tempo começou a aparecer nas páginas das corretoras, e-mails de bancos e canais do Youtube. O investimento foi regulamentado em 2014 no Brasil, com as primeiras emissões em 2015, mas, mesmo assim, ainda é desconhecido e gera dúvidas para muitas pessoas. Vamos ver abaixo que é um investimento que limita as perdas, como também, limita os ganhos.
Para entender o que é esse investimento, vale a pena começarmos entendendo o nome. A palavra chave é o “Estruturadas”. Ela aparece pelo fato do produto ser estruturado com base em cenários de ganhos e perdas, que são selecionados de acordo com o perfil do investidor.
Na hora de classificá-lo como um investimento de Renda Fixa ou de Renda Variável, apesar dele possuir relações com ações, índices e fundos, ele é considerado Renda Fixa, por possuir vencimentos e, até por isso, ser tributado pela tabela de renda fixa. A grosso modo, o COE pode ser visto como um pote com outros ativos dentro dele, mas que, por fora, se comporta como Renda Fixa.
Podemos dizer que sua origem vem das Notas Estruturadas, produto financeiro muito popular nos EUA e na Europa. O funcionamento das Notas é muito similar ao COE, nessa ideia que há ganhos e perdas limitados, e, mais do que isso, quem mais ganha com eles são os que o vendem (bancos, corretoras).
Quem faz a emissão dos COE’s são bancos. A distribuição é feita por parte de corretoras e distribuidoras. Estas instituições que vendem os COE’s o montam através de uma combinação de um título emitido por uma instituição financeira com estratégias em derivativos (contratos que estabelecem pagamentos futuros, cujo valor é assumido com uma variável como índices, preço de outro ativo). Após a criação do COE, o emissor estrutura pacotes de cenários para o desempenho de um ativo ou indexador. O registro é feito na B3.
Para os bancos emissores, o COE passou a ser algo muito interessante, principalmente quando o mesmo precisa de uma captação rápida para algum investimento específico. Nos títulos tradicionais de Renda Fixa, como CDB, LCI e LCA, o processo é um pouco mais lento, e o valor captado dos investidores é direcionados para objetivos específicos de quem busca financiamento (imóvel, agronegócio, empréstimos pessoais). Justamente quando há certa urgência, o COE acaba entrando no lugar deles, com condições específicas que até incentivem mais os investidores. Com essa operação, apesar de estarem zerando as taxas, os bancos acabam ganhando com o spread, assim como as outras modalidades de renda fixa.
A escolha dos ativos que estão dentro do pote COE é feita direcionada para um perfil de investidor, com base em diversos fatores do mercado. Por isso, na hora de escolher um COE, é fundamental o investidor verificar para qual perfil de risco o mesmo foi montado, verificando se o perfil faz sentido para a sua atual situação. Basicamente, boa parte do valor é direcionado para ativos de renda fixa (títulos dos bancos, como LCI, LCA e CDB) e o restante é alocado na renda variável (ações, índices, fundos).
Especificidades dos COE’s
– Vencimento do título em data pré-determinada (costuma ser a partir de 90 dias)
– Valor mínimo de aporte (costuma ser a partir de R$ 1.000)
– Indexador nacional ou internacional (ações, índices, câmbio)
– Cenários de ganhos e perdas no vencimento, conhecidos desde o dia da aplicação
– Tributação de acordo com a tabela regressiva do Imposto de Renda para Renda Fixa
– Fluxos de pagamentos no vencimento ou periódicos
– Todo COE possui um Documento de Informações Essenciais (DIE), que contém todas as características do investimento
Riscos
Já sabemos que investir em qualquer ativo sempre tem um grau de risco por trás, mesmo nos investimentos mais conservadores. No caso dos COE’s, o principal risco é o Risco de Crédito, por parte do emissor. Basicamente, é o risco de quem emitiu o título dar calote nos investidores. Ao contrário de investimentos de renda fixa como Poupança, CDB, LCI e LCA, os COE’s não têm garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Por conta disso, deve-se analisar o risco da instituição que emite o COE.
Além do risco de crédito, há também o risco relacionado à liquidez. Quem precisar antecipar o resgate está sujeito à marcação à mercado (similar com o que ocorre no Tesouro Direto), podendo resgatar menos do que investiu. Porém, vale ressaltar que não são todos os COE’s que permitem resgate antecipado.
Custos
Conforme já foi dito, em relação à tributação, o cálculo é feito com base na tabela de Imposto de Renda Regressivo para Renda Fixa, começando na alíquota de 22,5% (até 6 meses) e terminando na alíquota de 15% (mais de 2 anos).
Para resgates antecipados, em até 30 dias da data de aplicação, vale lembrar que também há a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que tem uma tabela que regride de acordo com os dias do investimento, de 96% até 3%.
Boa parte das corretoras não cobram taxas, porém, vale a pena se atentar a possíveis taxas de administração, corretagem e performance que pode aparecer em alguns lugares.
Tipos
Existem dois tipos de COE’s, relacionados à proteção do valor investido:
1) COE de capital garantido (Valor Nominal Protegido)
O investidor nunca perderá o valor investido. No pior dos cenários o investidor terá rentabilidade zero, saindo exatamente com o valor que entrou. É a categoria mais oferecida.
Exemplo: COE de R$ 10 mil, duração de 1 ano, relacionado a índices internacionais. Regra: Alavancagem de 5 vezes a rentabilidade de um índice internacional. Se, após 1 ano, o índice escolhido tiver uma variação positiva de 10%, o COE alavanca sua rentabilidade em 5 vezes, atingindo 50%, em 1 ano. No cenário que isso acontece, o investidor receberá R$ 15.000. Se o índice desvaloriza, o investidor sai com os mesmos R$ 10.000 que entrou.
2) COE de capital de risco (Valor Nominal em Risco)
Neste caso, o investidor pode perder, mas o limite é perder todo o capital investido, não mais que isso. Neste caso, o pior cenário é sair com R$ 0.
De maneira geral, o COE é uma opção de investimento para quem procura diversificar a carteira, com a inclusão (indireta) de ativos de renda variável e ativos internacionais, mas que, ao mesmo tempo, tem um grau de risco menor do que seria investir diretamente nestes ativos, e consequentemente, menores chances de ganhar maior rentabilidade (ganho limitado). Quem está comprando um COE, de maneira geral, está apostando que os índices, ações e ativos atrelados a ele irão se valorizar no prazo determinado, mas que tem um perfil mais conservador, com maior medo de perder dinheiro em qualquer momento, evitando, assim, investir diretamente nos ativos que compõem o COE, por exemplo. Apesar disso, vale reforçar a baixa liquidez, que faz com que, na maior parte dos casos, o dinheiro tenha que ser deixado lá no tempo estipulado e também a ausência da garantia do FGC, que reforça a importância de escolher um banco emissor sólido.