Para quem tem crianças em casa, o dia 12 de outubro chega junto com muita expectativa de um presente para os pequenos. Mas que tal usar a data como uma oportunidade para começar a conversar sobre dinheiro com as crianças? Para a educadora financeira, Mila Gaudencio, que também é economista e consultora financeira do will bank, este é um bom momento para introduzir educação financeira na rotina de toda a família.
“As atividades do dia a dia são o melhor meio para iniciar a educação financeira logo na primeira infância. A forma como tratamos os objetos e a nossa relação com o poder de compra impacta diretamente as crianças. Por isso, nas datas especiais, como o Dia das Crianças, ter atenção ao tema dinheiro pode ser ainda mais importante, uma vez que a expectativa por ganhar um presente é maior”, explica Mila.
De acordo com a consultora do will bank, banco digital com mais de 7 milhões de clientes em todo o país, é no dia a dia que precisamos criar e manter o hábito de explicar o assunto dinheiro. Por isso, para ajudar os responsáveis a iniciarem a conversa sobre educação financeira com as crianças, a consultora preparou cinco dicas:
1.Como evitar o “se não tem dinheiro, é só comprar no cartão”?
Quem tem filhos já deve ter ouvido esta resposta, depois de dizer que não podia comprar algo, pois não tinha dinheiro. Para a educadora financeira, mostrar o preço das coisas em quantidade pode ser um jeito mais claro de explicar para as crianças da geração do cartão de crédito e do PIX, que já não têm tanto contato com dinheiro em papel e não entendem a palavra como sinônimo de saldo.
Nesse momento, a criatividade pode ser uma ótima opção: vale apelar para caroços de feijão, por exemplo. Quando a criança fala que quer muito ganhar algo, como um brinquedo, é importante mostrar em quantidade o quanto custa. Esse hábito pode ser utilizado para a pizza do final de semana, alimentos e coisas que a criança gosta de consumir.
2. Dinheiro não cai do céu, mas vem de onde então?
Explicar a relação de tempo de trabalho e dinheiro é importante, para que a criança entenda que o dinheiro é consequência de uma ação, como o trabalho. Sempre que puder, dê exemplos mais concretos, que ajudam os pequenos a formar uma noção mais próxima sobre algo abstrato como dinheiro. “Uma forma de fazer isso é conversar sobre o tempo que é necessário para conquistar certa quantia, seja comparando as horas que você fica fora para trabalhar ou mesmo em casa, em frente ao computador, no trabalho home office”, aconselha Mila.
3.Inclua alguns conceitos mais complexos do dia a dia
Mostrar que os preços mudam e que alguns itens podem ficar mais caros com o passar do tempo, em outras palavras, é introduzir uma conversa sobre inflação. Mas nem tudo precisa ser conceitual ou difícil, quando a apresentação dos preços se torna uma rotina, essa conversa tende a se tornar ainda mais fácil. Escolha itens de consumo constante da criança e tenha um lugar para anotar, por um período de tempo, o preço desses produtos. Desta forma, é possível realizar um comparativo de preços e indicar, por exemplo, que a bolacha, que antes era comprada com R$1,00 agora precisa de R$2,00.
4.Incentivar os questionamentos sobre necessidade e o consumo consciente
Aproveite aqueles momentos de “eu quero” para conversar com a criança sobre o que ela já tem. Se for um brinquedo, por exemplo, ajude a perceber a necessidade daquilo, sem apelar muito para a racionalidade, que pode ainda não estar presente no comportamento de crianças pequenas, mas envolva a criança na decisão. Essas também são boas oportunidades de introduzir o consumo consciente, afinal, não gastar dinheiro em algo também é uma boa lição.
“É importante perguntar o porquê delas acharem tão importante aquele brinquedo e, pensando num item mais antigo, o motivo pelo qual ele ter deixado de ter relevância. Ouça o que a criança tem a dizer sobre, para que ela mesma vá criando consciência sobre a importância do consumo consciente.”
5.Crianças gostam de se envolver, deixe que elas participem do planejamento
Se você conseguir implementar na prática uma ou mais dessas etapas, falar sobre planejar a compra de um brinquedo, ou até mesmo uma viagem de férias, se torna algo muito mais leve. Para a especialista, a etapa de planejamento pode ser implementada como um momento de diversão da família. “Criar um quadro com colagens e desenhos para a visualização do próximo destino de férias, por exemplo, pode ser bastante interessante para estimular o planejamento para realização de sonhos e até para entender que um brinquedo, ou um consumo imediato pode distanciar os planos da viagem”, acrescenta.