Na Escola, uma das coisas que estudamos nas aulas de Química, principalmente, é a Lei de Lavoisier, que diz que na natureza nada se cria, tudo se transforma. É dessa ideia que explicamos, por exemplo, ciclos como o da água e o do carbono. No primeiro, a água está em sempre presente no ambiente, apenas mudando a forma como se apresenta, da precipitação, indo para rios e oceanos, e destes, evaporando e condensando, ficando armazenada nas nuvens. Já no ciclo do carbono, seres vivos, sejam animais ou plantas, possuem carbono em suas estruturas. Quando estes morrem, eles acabam se decompondo, servindo de base para outros seres vivos.
Ciclos
Na teoria esses ciclos parecem perfeitos, e que podem durar eternamente. Porém, o ser humano, principalmente desde a Revolução Industrial, passou a causar desequilíbrios nestes ciclos, por conta do consumo exagerado, e, consequentemente, da geração de resíduos. Desde a hora da fabricação, quando a matéria-prima é retirada do meio ambiente boa parte das vezes, e ainda, vários dos processos apresentam emissão de gases e resíduos na atmosfera e no solo. Além disso, uma vez consumidos, boa parte dos produtos possuem embalagens, que vão se acumulando, formando toneladas de lixo. Ou seja, de várias formas vão se formando poluentes, lixos e retirando-se da natureza vários dos seus elementos.
Lixo
Para se ter uma ideia, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, no Brasil são 200 milhões de habitantes gerando resíduos, numa média de 1 quilo por dia. Em um ano, todo esse pessoal acaba gerando quase 61,5 milhões de toneladas de lixo. Levando-se em conta a expectativa de vida por aqui, que atualmente é de cerca de 72 anos, cada indivíduo acaba gerando em torno de 26 toneladas de lixo.
Modelo Econômico Atual
Esses números representam bem o que o modelo econômico atual prega: faz-se a extração de elementos da natureza, para que estes sejam transformados em produtos para consumo, sendo que uma parte vira produto e outra parte acaba virando resíduo. Após seu uso, os produtos acabam sendo descartados. Hoje, vemos que estamos chegando próximos aos limites físicos deste modelo.
Modelo Econômico Circular
O novo conceito, que é o do modelo econômico circular, propõe um novo processo para geração de produtos. Ao invés de simplesmente ficar-se utilizando resíduos naturais para produção, e encerrar o processo com a geração dos produtos e descarte dos resíduos, o sistema circular sugere que os recursos naturais continuem gerando produtos, sim, mas que os resíduos possam ser reciclados, para que, em adição de outros recursos naturais, possam gerar novos produtos.
Ao invés de só pensarmos nos tradicionais 5R’s (Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Recusar, Repensar) que de fato são importantes para o ecossistema, adicionamos 2 novos R’s com a Economia Circular, que é o R de Restauração e o R de Regeneração.
A ideia da Economia Circular é similar com o que dissemos inicialmente dos ciclos. Neste caso, busca-se manter os produtos e materiais em ciclos de uso, pela possibilidade da regeneração. Esses ciclos foram divididos em duas categorias: os ciclos biológicos, que envolvem ciclo de consumo, com alimentos e outros materiais de base biológica projetados para retornar ao sistema, com regeneração dos seres vivos; e o ciclo tecnológico, que por sua vez busca recuperar ou restaurar produtos e materiais através de estratégias como reuso, reparo, remanufatura e reciclagem.
Escolas de Pensamentos
Dentro da economia circular, há uma série de escolas de pensamentos, que estão listadas abaixo:
1) Design Regenerativo
Envolve ideias de design que podem ser aplicados para todos os sistemas, e não apenas para a agricultura, que era mais típico. Um exemplo é o da startup bioMason, que desenvolve tijolos a partir da regeneração de bactérias.
2) Economia de Performance
O foco dessa escola é o de trazer extensão à vida do produto, gerando bens de vida longa. Isso contribui para a prevenção do desperdício.
3) Cradle to Cradle
Em português, Cradle to Cradle significa “do berço ao berço”. Essa escola visa trazer métodos para avaliar todo o processo de produção, uso e descarte de uma maneira cíclica, onde não se produz resíduo, mas sim tendo etapas que se inserem dentro do ciclo natural dos materiais que os compõem. Foi criada uma certificação para avaliar estes processos.
4) Ecologia Industrial
Essa escola busca estudar os fluxos de materiais e energia dos sistemas industriais.
5) Biomimética
Trata-se de uma nova disciplina que estuda as melhores ideias da natureza para imitá-las e gerar designs e processos para solucionar problemas dos humanos. O velcro é um dos casos mais famosos dessa disciplina. Ele foi criado pelo engenheiro George de Mestral a partir da observação das sementes de grama, que são dotadas de espinhos e ganchos que prendiam nos pelos do seu cachorro.
6) Blue Economy
É um movimento que reúne estudos de casos concretos propondo mudanças estruturais na economia, baseada no funcionamento dos ecossistemas. A ideia é transformar problemas em oportunidades para criar soluções para a saúde humana, para o meio ambiente e para o bolso. Um exemplo é a Spirulina, uma alga que absorve o gás carbônico da queima do carvão e produz proteínas.
7) Biologia Sintética
É a ciência capaz de sintetizar organismos para produzir o que queremos. É a integração de diversas áreas de pesquisa com a construção de novos componentes biológicos, envolvendo também o redesing de sistemas biológicos naturais já existentes.