Recebi uma dúvida hoje que envolve a aquisição de automóveis. Os carros são produtos que possuem um alto valor, por isso, não é todo mundo que possui este elevado capital em conta, e, na maioria dos casos, acabam-se optando pelo financiamento. A dúvida enviada foi justamente sobre quais as melhores formas de financiamento.
Perda de valor com o tempo
Primeiramente, é fundamental ter-se consciência do custo que um carro tem. A primeira coisa que acontece é a depreciação do carro logo depois que o sujeito sai da concessionária. Se por exemplo, uma pessoa adquire um carro zero na concessionária por R$ 40 mil e volta no dia seguinte, o carro já não possui mais este valor, acontece uma desvalorização. Cerca de 10% do valor é perdido ao sair da concessionária. Os carros menores e mais populares sofrem depreciação menor. Já carros de luxo apresentam uma depreciação mais elevada.
Por isso, na aquisição ou troca de um carro, além de observar o valor do carro na tabela FIPE (expressa preços médios de veículos no mercado nacional, servindo como parâmetro para negociações ou avaliações), também é sempre interessante dar uma olhada nos carros semi-novos. O site iCarros permite a busca de carros por região.
Gastos
Vivemos num país onde o transporte público não é dos melhores e nem oferecido em todas as cidades, e muita gente precisa do carro para trabalhar. Porém, tomada a decisão de comprar um automóvel, é importante lembrar que ele terá uma série de custos atrelados.
Podemos dividir gastos que dependem e não dependem do valor do carro.
Os gastos independentes do valor do carro são:
- Combustível: é fundamental para o veículo rodar.
Dica: o site Preço dos Combustíveis apresenta o preço dos diferentes combustíveis nos postos, podendo ser pesquisados por regiões.
- Aluguel de vaga no trabalho e em casa: pessoas que moram ou trabalham em prédios estão sujeitos a uma mensalidade referente ao aluguel da vaga para estacionamento do veículo
- Estacionamentos Avulsos: usuários de veículos, principalmente de cidades grandes, estão sujeitos ao pagamento de estacionamentos, como em shoppings, regiões centrais, prédios comerciais.
- Pedágios: pessoas que utilizam o carro para viagens também estão sujeitas ao pagamento de pedágios.
Dica: é possível fazer a simulação dos gastos com pedágios e combustível que será gasto em viagens pelo site Mapeia.
- Multas de trânsito: o motorista está sujeito a multas ao trafegar em vias públicas. As infrações têm seu preço variando de acordo com a gravidade. Os valores variam de R$ 88,38 a R$ 880,41
Dica: o Governo Federal possui um aplicativo, o Serpro, que oferece 40% de desconto em multas de trânsito.
- Lavagem: o carro necessita periodicamente de lavagens, já que transita por diversas áreas e condições climáticas. A lavagem pode ser feita em casa ou em locais específicos, mas, de qualquer forma, tem um custo envolvido
- Revisão e Manutenção: carros são máquinas, e assim como qualquer máquina, precisam ter revisões e manutenções periódicas por conta do desgaste de alguns componentes e para precaver possíveis falhas. Para carros zero, a fim de não perder a garantia, é importante levá-los nas revisões periódicas na própria concessionária. Estas variam de acordo com cada veículo, mas costumam custar a partir de R$ 400. É também importante seguir a manutenção preventiva do veículo, para evitar possíveis gastos maiores:
-Troca de óleo: para um bom funcionamento do carro, recomenda-se que seja feita a troca de óleo a cada 10.000 quilometros. A troca de óleo custa, em média, de R$ 45 a R$ 90.
– Pneus: todo pneu tem uma barra de indicador de desgaste que mostram a hora certa de trocá-los. Cada pneu custa, em média, a partir de R$ 150
– Limpador de para-brisa: os limpadores de parabrisa também se desgastam com o tempo e precisam ser trocados. Estes podem ser encontrados a partir de R$ 10.
– Filtros: filtros de óleo, ar condicionado e combustível também precisam ser trocados periodicamente.
– Fluidos: alguns fluidos periodicamente precisam ser adicionados, além do óleo, como fluido de freio, fluido do radiador.
Já os gastos que dependem do valor do veículo são:
- IPVA: O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores é um imposto que deve ser pago pelos proprietários dos veículos. Ele é estipulado de acordo com o valor que o veículo possui e a alíquota estabelecida. Veículos com mais de 20 anos são isentos. A tabela do IPVA por veículo por estado pode ser vista neste link. Em média, o IPVA custa 4% do valor do carro na tabela FIPE.
- Licenciamento anual: o Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo (CRLV) é obrigatório para todo proprietário de automóvel. Este garante que o carro está em conformidade com as condições de segurança e com as normas de emissão de poluentes e ruídos. A taxa é definida pelos estados. O valor oscila entre R$ 70 e R$ 150.
- Seguro: Os seguros facultativos garantem a indenização por danos acidentais causados ao veículo, ou por roubo ou furto, ressarcimento de danos causados pelo veículo de terceiros, indenização aos passageiros acidentados do veículo, assistência ao veículo e seus ocupantes. Há também o seguro obrigatório, DPVAT, que é um seguro de caráter social que indeniza vítimas de acidentes de trânsito. Seu valor varia de acordo com o tipo do veículo, com preços de R$ 68,10 a R$ 251,33.
Financiamento
Comprar financiado significa uma divisão da maior parte do valor do carro e taxas em parcelas (que apresentam taxa de juros) para serem pagas durante um certo prazo. O restante é pago logo na compra, parcela chamada de entrada.
Os bancos e financeiras, e até mesmo as montadoras, oferecem opções para o financiamento de carros. Existem diversas opções, por isso é fundamental ficarmos atentos às melhores opções (condições e taxas de juros cobradas). Uma boa dica é fazer a simulação dos preços no site Compara Bem.
O site Konkero também mostra uma comparação entre vários financiamentos disponíveis no mercado:
Os bancos divulgam, muitas vezes, que fazem financiamentos sem juros, porém isto é apenas uma propaganda. Em todos os casos, o pagamento à vista terá um valor inferior.
Algumas instituições também cobram uma Taxa de Abertura de Crédito (TAC). Porém o pagamento desta deve ser recusado, pois a cobrança é considerada ilegal pelo Banco Central.
É importante tomar cuidado com o pagamento das parcelas do financiamento, pois no caso de atrasos e não pagamentos, o carro pode acabar sendo apreendido. É importante ler o contrato na hora da assinatura para ter ciência das condições.
Os juros sobre o financiamento acabam tendo um custo de grande peso. Para se ter uma noção, vejamos um exemplo: um financiamento de R$ 40.000, com juros de 1,5% ao mês, num prazo de 36 meses, gera prestações de R$ 1.446,10. No total, pelo carro de R$ 40.000 acabou-se pagando R$ 52.059,45!
Consórcio
O consórcio é um financiamento coletivo. É feito por uma administradora de consórcios que reúne os interessados na compra e organiza o dinheiro e sorteios. Para participar, todos interessados pagam mensalmente uma taxa de administração. Esta é proporcional ao valor do bem desejado. O sorteio é realizado pelos integrantes, com a junção do dinheiro.
O consórcio pode durar até 15 anos, sendo um processo com maior incerteza. Desistir do consórcio também não acaba sendo vantajoso, já que o resgate do valor pago só é possível no final. Se a administradora falir também perde-se todo o dinheiro.
Trata-se, portanto, de um investimento a longo prazo. O site Konkerotambém possui um comparativo de consórcios:
Simulação
Abaixo, uma simulação do que pode-se gastar com um automóvel popular por mês:
O valor mensal resultou em cerca de R$ 1.000. A planilha de simulação pode ser encontrada no site Vamos Prosperar (Poupômetro).
Portanto, no momento da compra de um carro, deve-se ter consciência de todos os gastos atrelados a este, pois, acaba-se tendo um valor bastante impactante no orçamento mensal.