Empreender não é algo simples. Muita gente acaba entrando nessa empreitada muito mais pela necessidade do que pela vontade, ou, pior ainda, acaba entrando na jornada empreendedora achando que vai ganhar muito dinheiro, trabalhar menos e não ter chefe. Mas só quem já empreendeu sabe que não é nada disso. A jornada flexível acaba vindo em paralelo com a necessidade de trabalhar várias vezes fora do horário de expediente ou a função “bombril” que o dono do negócio acaba tendo que desempenhar, funcionando para mil e uma utilidades, desde a limpeza do escritório até o acompanhamento financeiro da empresa. Por isso, antes de montar o negócio, é preciso ter ou desenvolver um perfil empreendedor.
Este perfil vem ganhando destaque em um determinado público: o das mulheres. De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor 2016, estudo coordenado no Brasil pelo Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (SEBRAE) e o Instituto de Qualidade e Produtividade (IBPQ), por aqui as mulheres já ultrapassaram os homens na criação de novos negócios. O Brasil e o México foram os dois únicos países do estudo que possuem esse maior equilíbrio entre os dois gêneros. Não só isso, a pesquisa também aponta que estas são consideradas melhores líderes, mais organizadas e até melhorar os resultados das empresas.
O gráfico abaixo mostra que o resultado da distribuição dos empreendedores, ao logo da década, tem um grande equilíbrio. Porém, esses números representam os donos dos novos negócios (até 42 meses). Quando analisados o quadro dos negócios já estabelecidos (mais de 42 meses), ainda há supremacia do público masculino. Por isso a importância de programas de apoios para as empreendedoras.
É interessante observar que as mulheres abrem uma empresa mais por necessidade do que os homens, sendo uma relação de 48% entre as mulheres e 37% entre os homens. 40% do público feminino empreendedor tem até 34 anos, mas, mesmo elas sendo mais escolarizadas, ainda ganham menos que os homens, das quais 73% recebem até três salários mínimos.
Mesmo o grande destaque que vem sido demonstrado pelo surgimento dos novos negócios de mulheres, as mesmas apontam ainda muitas dificuldades, que acabam virando barreiras e frustrações. Exemplos dessas dificuldades apontadas são o preconceito por gênero, menor credibilidade por acreditar-se que o mundo corporativo tem mais perfil masculino, maior dificuldade de financiamento, dificuldade para conciliar demandas da família e do empreendimento.
Pela pesquisa, a maioria dos homens acaba começando negócios que são divididos em nove áreas, enquanto que nas mulheres, este número acaba fincando concentrado em quatro áreas: serviços domésticos, cabeleireiros e tratamento de beleza, comércio varejista de roupas e acessórios e serviços de buffet e de comida preparada.
Um outro estudo, realizado pelo The Boston Consulting Group (BCG) também trouxe números animadores quando se fala de empreendedorismo feminino. Em uma avaliação do faturamento das startups, as que tiveram fundadores mulheres, para cada dólar de financiamento geram 78 centavos, enquanto as fundadas por homens, para cada dólar de financiamento, renderem 31 centavos.
O que motivou essa supremacia das “startups femininas”, segundo o estudo, é o fato de que as mulheres enfrentam mais desafios, questões e pressões durante a apresentação de seus negócios aos investidores. Portanto elas saem desse processo mais preparadas, e, também respondem diretamente às críticas, aceitando como um feedback, enquanto que no público masculino a maioria acaba rebatendo e discordando.
O que pode concluir-se é o grande potencial empreendedor que as mulheres têm. Mesmo enfrentando todas as dificuldades e barreiras, elas já conseguem ter grande destaque e importância no cenário empreendedor. Imagina quando for alcançado um cenário de total igualdade?!