No ano passado, nesta mesma data, Dia Internacional da Mulher, trouxemos um artigo mostrando que, não só no Brasil, mas em boa parte dos países, o nível de letramento financeiro das mulheres ainda é bem inferior quando comparado ao dos homens. Isso mostra a importância do empoderamento financeiro feminino.
Algumas semanas atrás, também trouxemos um artigo mostrando que muitas vezes, o simples fato de um produto ser na cor rosa torna-o mais caro. Trata-se da Pink Tax.
Dessa vez, decidimos trazer um pouco mais sobre a relação das mulheres com os investimentos.
Cenário Global: Desproporção
A Forbes publicou recentemente o seu ranking anual com as pessoas mais ricas do mundo. No ranking mundial, as mulheres só começam a aparecer a partir do 12º lugar (Francoise Bettencourt). No top 100, apenas 11 mulheres aparecem. Quando falamos dos mais ricos do Brasil, o cenário também é muito desigual. Nas 20 primeiras posições, a única mulher é Ana Lucia de Mattos Barreto Villela (Banco Itaú), ocupando a 18ª posição.
Alguns dados recentes do Tesouro mostram que há muito mais homens investindo no Tesouro Direto do que mulheres. No final de 2016, a relação era próxima de 2,4 investidoras para cada 10 investidores. Apesar da grande desproporção, o número de mulheres investindo no Tesouro vem aumentando, já que em 2002, 7,6% das mulheres investiam nessa categoria, enquanto que hoje, 17 anos depois, o número já aumentou para 25,2%.
Quando olhamos o ambiente da Bolsa de Valores brasileira (dados de Setembro de 2018), a B3, vemos essa proporção se repetir. Em 2002, haviam 82,37% de investidores Pessoa Física Homens contra 17,63% mulheres. A proporção 17 anos depois continua muito próxima: 77,51% homens contra 22,49% mulheres. No total, 11,08% das mulheres investem na Bolsa. Apesar dos números tímidos e ainda muito desproporcionais, o crescimento percentual de novas investidoras mulheres é maior do que o crescimento de novos investidores homens. Elas, nestes 17 anos, aumentaram em 1007,88%, enquanto que os homens aumentaram sua participação em 718%.
Diversos fatores explicam estes números, tais como pouco conhecimento, menos tempo e menos dinheiro, além de traços de uma sociedade marcada por um histórico de grande desigualdade, acabam impactando nos investimentos femininos.
Mulheres e a Economia
Porém, no ano passado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) realizou um estudo e concluiu que as mulheres mais fortes financeiramente apresentam maior probabilidade de investir no bem-estar da família e tomar decisões financeiras mais inteligentes, voltadas principalmente à educação e saúde. Para a economia, isso tem um efeito muito positivo, com redução na pobreza, maior crescimento econômico e redução da desigualdade.
O estudo também foi analisar a presença das mulheres no mercado financeiro, ocupando cargos. E o resultado também traz algo muito positivo para a economia: a maior representatividade de mulheres em instituições financeiras leva a mais estabilidade, com menos endividamentos, decisões corporativas mais cautelosas, mais eficiência e menos chances de crises.
Crenças e a Mulher Investidora
Na sociedade, existem crenças e jargões como “Mulher compra por impulso” e “Elas são ruins em matemática” que são infundadas e só prejudicam a autoestima. E não é algo recente nem exclusivo do Brasil, são crenças que se arrastam há mais de 10 mil anos. Já foram realizados vários estudos de psicologia econômica e economia comportamental que a coisa não é bem assim. Esses estudos mostram que as mulheres, de maneira geral, se saem melhores do que os homens frente aos investimentos.
Em 1998, Nancy Ammon Jianakoplos e Alexandra Bernasek fizeram um estudo para comparar o conceito de risco frente aos dois gêneros. Foi visto que, independente de idade, patrimônio, educação, etnia e número de filhos, as mulheres apresentam carteiras menos arriscadas, o que, pela relação risco x retorno faz elas terem um retorno esperado menor, mas ao menos tempo, menores chances de perdas.
Numa outra pesquisa feita por Terrance Odean e Brad Barber, em 2001, foi visto que os homens realizam 45% mais operações de compra e venda de ações do que as mulheres, o que acaba afetando a rentabilidade. Dessa forma, com esse giro maior, os ganhos anuais deles ficam prejudicados em 2,65%, contra 1,72% para as mulheres.
E uma terceira pesquisa, realizada em 2011 pela Barclays Capital conclui que mulheres que investem tendem a ganhar mais que os homens. Isso se dá por elas correrem menos riscos, conseguem segurar ações de empresas por mais tempo e tomam menos decisões erradas. Elas acabam ganhando, com isso, em torno de 1% ao ano a mais do que eles. Mulheres se mostram, de forma geral, muito mais “pé no chão” e com autoconfiança controlada do que os homens.
Para você mulher, busque cada vez mais se capacitar em relação às finanças, pois, as crenças que existem na sociedade relacionando mulheres com dinheiro são infundadas e só atrapalham. Estudos já comprovam o grande “dom” que você tem de cuidar bem das finanças e investir bem. Treine esse dom para que ele te fortaleça e só traga melhorias nas suas finanças. Feliz dia da mulher!