Conforme já vimos no artigo sobre imóveis, a casa própria continua sendo um dos grandes sonhos dos brasileiros. Porém, muita gente se esquece que, além do capital inicial ou do crédito financiado que é necessário para adquirir a propriedade, vários novos custos passarão a fazer parte da rotina.
Por isso, é importante não só se planejar para a compra, mas também para o “giro” que será necessário todo mês, envolvendo contas de água, luz, internet, telefone, IPTU e as reformas. Sim, também é interessante considerar as como um gasto mensal, mesmo que elas não ocorram.
Ao contrário dos outros gastos descritos, que são frequentes (ou seja, acontecem pelo menos uma vez todo mês), os gastos com reformas e manutenções são periódicos e esporádicos. Porém, criar o hábito de fazer uma poupança para esses gastos acaba precavendo possíveis saídas de dinheiro inesperadas.
Casas e apartamentos são verdadeiros sistemas complexos, pois são constituídos não só por sua estrutura, mas também por tubulações de água e esgoto e fiações. Estão expostas o tempo todo às condições ambientais, de chuva, vento, sol. Por isso, a deterioração é inescapável. Por isso, periodicamente começam a aparecer probleminhas de vazamentos, infiltrações, e por ai vai. Não só isso, mas pequenos gastos também acabam aparecendo, como por exemplo uma resistência de chuveiro que queima, um ralo que entope, uma luz que queima. Ou seja, os gastos com reparo e manutenção podem começar com uma simples troca de lâmpada por R$ 15,00 até uma pintura já na casa dos milhares. Ter um “fundo reserva” para tudo isso, desde o primeiro dia morando na casa facilitará muito a vida financeira.
A chamada “manutenção preventiva” é aquela feita para evitar possíveis problemas, e substitui estruturas e equipamentos antes deles chegarem ao fim de sua vida. Este tipo de manutenção costuma ter uma valor de investimento bem menor do que a chamada “manutenção corretiva”, que ocorre depois que a falha já ocorreu. Por exemplo, pode-se periodicamente utilizar produtos e desentupir ralos e pias ao invés de deixar a sujeira acumular, que pode causar problemas no encanamento e causar vazamentos.
O arquiteto Brian Lunelli, em conversa com a Gazeta do Povo, levantou o tempo médio de durabilidade e reparo de cada cuidado com a casa:
- Pintura: tempo médio para manutenção entre 5 e 6 anos
A exposição a sol e chuva desbota a pintura, principalmente as que se localizam em ambientes externos. Em casos de rachaduras e infiltrações, o prazo pode ser reduzido. É importante também buscar tintas de boa qualidade e preparar bem o local para garantir melhor durabilidade e acabamento.
- Hidráulica: tempo médio para manutenção entre 10 e 15 anos
Quanto mais antigo é o sistema da casa, maior a probabilidade de reparos. As pequenas manutenções preventivas anuais (troca de alguns componentes, reparos na descarga, localização de vazamentos) são adequadas
- Elétrica: tempo médio de manutenção de 20 anos
A manutenção preventiva anual também é importante, para garantir maior durabilidade e segurança nas instalações. Trocar os equipamentos e tomadas também podem resultar numa economia de energia.
Falando-se de equipamentos, é mais fácil dar valores por conta de estarem expostos nas lojas e pela internet. A dificuldade maior é de se precificar serviços, como por exemplo de reformas e pinturas. Para esses casos, o site Arquitecasa é uma boa ferramenta para nos ajudar. Ele permite fazer simulações de preços para os mais variados tipos de reforma. Para isso, basta informar alguns dados, como por exemplo o tamanho do local e a região em que está localizado. Ele levantará todos os materiais que são necessários e o custo da mão de obra. São levantados até 5 orçamentos, para facilitar na comparação dos serviços.
Para quem mora pagando aluguel, é importante ter um contrato bem explícito com a imobiliária e o proprietário do local, além de fazer uma boa vistoria antes de se mudar para o imóvel.
De maneira geral, tanto a construção quanto a reforma exige muito atenção do consumidor. Gastos imprevistos, prazos descumpridos, uso de material de construção de baixa qualidade e profissionais irresponsáveis são problemas recorrentes. Por isso, ter um planejamento orçamentário inicial, se possível, junto com um arquiteto ou engenheiro, tendem a reduzir os riscos. É importante ter um orçamento combinado entre as partes, e a forma de pagamento por conclusão de etapas costuma ser a mais interessante a fim de evitar problemas.