Em um post anterior fizemos um comparativo entre preços de produtos vendidos nos EUA e no Brasil avaliando não a conversão de uma moeda para a outra, mas sim o poder de compra das populações. Conforme explicamos no post, o poder de compra é definido como a capacidade de adquirir bens e serviços com determinada unidade monetária. Pegando o salário médio do país e dividindo pelo número médio de horas trabalhadas, ainda pode-se chegar ao equivalente em tempo que cada produto exige de trabalho.
Estamos em época de Copa do Mundo, e é uma competição interessante pois reúne seleções dos 5 continentes do planeta, sendo algumas delas de super economias, como é o caso da Alemanha, algumas delas de economias emergentes, como é o caso do Brasil, e também algumas economias mais pobres, como é o caso de Senegal. E apesar das diferenças econômicas, o dinheiro não significa chances claras de título, ou um favoritismo. Nesta copa, por exemplo, a seleção dos EUA, que costuma estar sempre na competição, não se classificou, e em seu lugar entrou o Panamá, seleção que nunca havia disputado o torneio. Também vemos o caso das chamadas “zebras”, que é quando as seleções favoritas perdem para outras menores, como foi o caso da derrota da atual campeã do mundo, Alemanha, para a seleção do México. Aproveitando os jogos e os comparativos que são feitos entre os países, resolvemos continuar com as análises de poder de compra e comparar os preços das camisas das seleções. Mas mais uma vez, a comparação vai muito além de converter uma moeda em outra.
A tabela abaixo mostra o comparativo. O preço de cada camisa foi levantado em lojas do próprio país, na moeda local. Também foram levantados os salários mínimos e a média mensal da jornada de trabalho. Por fim, com esses números, chegamos em dois comparativos: um deles é o equivalente em horas de trabalho para a compra da camiseta e o segundo é o quanto a compra da camiseta da seleção nacional pesa no salário mínimo:
País | Preço Camisa | Salário Mínimo | Horas de Trabalho | Horas | % |
Alemanha | 89,99 | 1432,08 | 162 | 10,18 | 6% |
Arábia Saudita | 299 | 9600 | 192 | 5,98 | 3% |
Argentina | 1749 | 9500 | 192 | 35,35 | 18% |
Australia | 119,99 | 2690,4 | 152 | 6,78 | 4% |
Bélgica | 90 | 1501,82 | 152 | 9,11 | 6% |
Brasil | 249,99 | 954 | 176 | 46,12 | 26% |
Colômbia | 115445 | 515000 | 192 | 43,04 | 22% |
Coréia do Sul | 109000 | 1204800 | 160 | 14,48 | 9% |
Croácia | 209,97 | 2814 | 160 | 11,94 | 7% |
Dinamarca | 499 | 1944,58 | 148 | 37,98 | 26% |
Espanha | 59,99 | 707,7 | 160 | 13,56 | 8% |
França | 84,9 | 1467 | 151,67 | 8,78 | 6% |
Inglaterra | 64,95 | 1930,25 | 160 | 5,38 | 3% |
Islândia | 11990 | 343000 | 160 | 5,59 | 3% |
Japão | 9709 | 98880 | 160 | 15,71 | 10% |
Marrocos | 89 | 2570 | 176 | 6,09 | 3% |
México | 175 | 1645 | 192 | 20,43 | 11% |
Nigeria | 27000 | 8625 | 160 | 500,87 | 313% |
Peru | 15 | 850 | 192 | 3,39 | 2B% |
Polônia | 349,99 | 1317 | 160 | 42,52 | 27% |
Portugal | 85 | 580 | 160 | 23,45 | 15% |
Rússia | 4997 | 9489 | 160 | 84,26 | 53% |
Senegal | 3500 | 33456 | 160 | 16,74 | 10% |
Sérvia | 8999 | 13572 | 160 | 106,09 | 66% |
Suécia | 529 | 20500 | 160 | 4,13 | 3% |
Suiça | 99 | 3400 | 168 | 4,89 | 3% |
Tunísia | 49,9 | 340 | 192 | 28,18 | 15% |
Uruguai | 2490 | 10000 | 164 | 40,84 | 25% |
Com os resultados, vemos que as camisas que “pesam menos” no bolso da população são em maior parte de países europeus (Suíça, Suécia, Islândia, Inglaterra, França, Bélgica e Alemanha), além da Arábia Saudita, Austrália, Marrocos e Peru. Já as camisas que mais comprometem o salário têm um destaque inicial para a Nigéria, com um número elevadíssimo, além de outas como Sérvia, Rússia, Dinamarca, Polônia e alguns países da América do Sul (Brasil, Colômbia e Uruguai).
No final das contas, o importante é entender o peso que a camisa da seleção pode ter no bolso. Para quem for comprar, vale planejar-se e pesquisar para encontrar os melhores preços, de modo que passando a Copa, a camisa não fique no fundo da gaveta e as parcelas do cartão de crédito continuem rolando.