As preocupações ocasionadas pela incerteza econômica têm aumentado nos últimos anos. Se antes as pessoas não se importavam com o assunto dinheiro, atualmente a pauta sobre saúde financeira tem sido levantada em ambientes distintos.
A recessão econômica, que veio acompanhada de uma crise na saúde, reforçou a atenção de pessoas e empresas quanto à maneira de lidar com o dinheiro e disciplina para reduzir gastos não essenciais.
A primeira ação tomada pelas companhias foi a utilização de espaços compartilhados ou o trabalho home office para estabelecer seus escritórios. Afinal, sem dúvidas, manter um ambiente fixo gerava um alto custo para as empresas.
Isso porque, ao considerar um espaço de escritório, devemos incluir gastos com recursos de energia, água, equipamentos de trabalho e produtos básicos para trazer conforto aos colaboradores, tais como sabonetes, café e copos descartáveis.
Os gastos considerados contemplam somente o básico para manter um escritório, isso sem considerar a necessidade de reforma de ponto comercial que consome uma determinada previsão anual de gastos de empresas.
Em pesquisas recentes, foi identificado um alto número de empresas endividadas, o que despertou a atenção das autoridades governamentais para propor soluções assertivas, visando a boa saúde financeira da população e do mercado em geral.
Com isso, a quantidade de renegociações de débitos também tem aumentado, mostrando que, apesar do endividamento desenfreado, as organizações têm buscado a tão desejada estabilidade financeira.
Desse modo, uma consultoria fiscal empresarial consegue ter um aumento de sucessos em seus casos, por exemplo.
Apesar do conhecimento acerca dos endividamentos de forma geral, pouco se questiona como esse cenário tem seu ponto inicial.
Especialistas financeiros indicam que o início de um cenário de endividamento se dá pela falta de disciplina. Embora o conceito de disciplina seja simples em teoria, quando aplicado à realidade, o processo mostra-se mais complexo.
Disciplina é a chave
O conceito de disciplina refere-se ao ato de obediência a um conjunto de regras estabelecidas por um grupo. Mas ao ser aplicado à vida financeira, pode ser entendido pelo ato de firmar um compromisso com metas e objetivos.
Além disso, a disciplina do âmbito das finanças remete à responsabilidade e inteligência emocional.
Provavelmente, a maioria das pessoas já presenciou algum parente ou conhecido com a situação financeira em déficit e recorrendo a ajudas alternativas, pois nem mesmo instituições financeiras confiam em sua responsabilidade no assunto dinheiro.
Devido a proximidade com pessoas na situação exposta, é comum que a vulnerabilidade em que se encontrem gerem comoção e aconteça o empréstimo financeiro entre conhecidos.
Em certos casos, o empréstimo de algum valor para o conhecido pode prejudicar todo o planejamento da pessoa que emprestou. Um gasto não previsto no orçamento pode ser gatilho para uma sequência de atrasos em pagamentos ou uso de cheque especial.
Inclusive, o cheque especial é considerado o vilão da disciplina financeira. As taxas de juros são desconsideradas quando os indivíduos decidem contratá-lo, fator que corrobora para o endividamento.
Uma empresa de consultoria tributaria que começou a prestar serviços para pessoas físicas, pode identificar que em todos os cálculos e planejamentos feitos por seus clientes, não foram consideradas as taxas de juros e impostos.
Isso acontece devido a falta de educação tributária, fator que é comum aos brasileiros, pois ainda está sendo construída a cultura de entender sobre dinheiro, como administrar suas finanças e ter responsabilidade sobre as mesmas.
Atrelado a isso, tem sido movimentado no mercado a criação de cursos a fim de levar conhecimento em finanças para a população. Graças ao avanço tecnológico, hoje é possível ter fácil acesso à informação.
Com esse acesso, os indivíduos podem então ter consciência de seus atos e começar a desenvolver a disciplina.
O ponto decisivo em um estilo de vida disciplinado pode ser encontrado na tomada de decisões, sendo imprescindível que se saiba o momento de recusar o envolvimento em situações cujo resultado será incerto ou ainda prejudicial.
A disciplina irá isentar também a coparticipação em situações de terceiros, onde o indivíduo não tem responsabilidade com a situação de um conhecido, mas há o sentimento de obrigatoriedade em resolver.
Em outras palavras, através da disciplina é possível que as pessoas não só aprendam a dizer “não” para assumir compromissos, os quais não terão orçamento o suficiente para honrar.
Sem dúvidas, o processo envolve o desenvolvimento pessoal e disposição para sair da zona de conforto, afinal, se estas são práticas tomadas ao longo da vida, é preciso certo tempo para ter inteligência emocional para as mudar.
É verdade que a inteligência emocional é uma competência que pode ser desenvolvida com estudo, por isso, recomenda-se para pessoas que queiram mudar seu mindset, ou seja, sua linha de pensamento, a realização de cursos de inteligência emocional.
Inteligência emocional e saúde financeira
As decisões tomadas no cotidiano são embasadas em vivências adquiridas ao longo da vida, do mesmo modo que os hábitos. A psicologia explica que, para quebrar um padrão frequentemente repetido, é necessário ter inteligência emocional.
Essa competência inclusive contribui para a sabedoria ao lidar com a vida financeira. Ao invés de tomar decisões pensando no curto prazo, a inteligência emocional possibilita que se possa enxergar ganhos ao longo prazo.
No entanto, os fatores externos influenciam nesse quesito principalmente a desigualdade social. Isso fica mais explícito em casos onde o estudo está em questão.
Durante a pandemia, muito se discutiu sobre a evasão escolar, ressaltando o quanto a desigualdade social poderia corroborar para o agravamento desse fator.
Foram vistas instituições de ensino privadas facilitando a vida de alunos com o aluguel de sala de estudo, enquanto parte das crianças do país sequer tinha acesso à internet em casa.
Essa discrepância de realidades ocasiona no ato de comparação de realidades, que é nocivo não só durante a infância e adolescência, mas também durante a vida adulta.
Ao comparar a realidade individual com o contexto coletivo, principalmente no contexto financeiro e social, são grandes as chances de tomarmos decisões erradas.
Quando são desconsideradas as realidades individuais, a inteligência emocional sai de cena e abre espaço para as ações por impulso.
Em uma companhia, uma colaboradora relata estar enfrentando dificuldades para conciliar suas responsabilidades financeiras e o salário recebido, dado este cenário a mesma decide entrar em contato com sua gerência para solicitar aumento salarial.
Durante a conversa com a gerência, a primeira sugestão feita por seus supervisores foi revisar os gastos fixos, como o pagamento à empresa de internet, para compreender o principal motivo do déficit nas finanças.
Após revisar seus gastos e comparar o que efetivamente estava acontecendo, a colaboradora percebeu que parte de seus gastos não eram com compromissos fixos, mas sim, coisas supérfluas que majoritariamente foram gastas por impulso.
Certamente, o cenário acima expõe como a falta de inteligência emocional pode afetar a saúde financeira.
Analisando uma consultoria empresarial e seus casos, também foi identificada certa empresa que gostaria de investir em reformas comerciais, todavia, há meses enfrentava dificuldades em relação ao orçamento destinado ao projeto.
Com o apoio da consultoria, a diretoria da empresa pôde se reorganizar financeiramente, ter prudência na tomada de decisões e finalmente cumprir com o projeto que gostaria.
Apesar de muitas pessoas terem o pensamento que a inteligência emocional se resume a tão somente metas pessoais, a competência interfere em diferentes áreas em que se envolvem decisões tomadas por um indivíduo.
Fazendo escolhas assertivas
É válido compreender a importância de assumir compromissos para uma vida financeira saudável, pois a falta de responsabilidade pode atingir grande parte dos aspectos de nossa existência.
Em conformidade com o entendimento deste preceito, existe a necessidade de voltar o olhar para si próprio e enxergar os gargalos, isto é, identificar o que tem gerado o descontrole financeiro e acabar com esse problema pela raiz.
O primeiro passo para solucionar um problema é reconhecê-lo. Depois disso, com disciplina e inteligência emocional, chega o momento de mudar alguns hábitos. Atitudes que contribuem para isso são:
- Cancelar assinatura de plataformas não usadas;
- Tirar contas do débito automático;
- Ter uma rotina organizada;
- Fazer um planejamento financeiro mensal.
Certamente, romper velhos padrões é um tanto desafiador e pode fazer com que desistamos do processo. Todavia, o foco deve estar nos benefícios que é possível desfrutar no longo prazo.
É normal que as pessoas sintam dificuldade nesta etapa, por isso, também recomenda-se a busca por um especialista da área para uma mentoria ou por intermédio de cursos gratuitos na internet. O importante é estar disposto a sair da zona de conforto.
Considerações finais
Por fim, mas não menos relevante, a mudança de pensamento deve acontecer, posto que facilitará o processo de desenvolvimento pessoal e será apoio para o rompimento de velhos hábitos.
Afinal, estar conectado com os objetivos e projetos futuros ocasiona na disposição em mudar, dizer mais “não” para coisas supérfluas, além de uma motivação para ir em busca da melhoria, principalmente a financeira.
Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.