Ninguém quer ter que arcar com todos os gastos para comprar um carro novo, após ter seu carro furtado, ou que construir uma casa nova após um incêndio. Qualquer um destes dois cenários envolvem a perda de um patrimônio de valor considerável, e, que, por conta de um imprevisto, resultará em um desembolso considerável a ser feito.
De acordo com um estudo do jornal britânico Sunday Times, um dos maiores medos das pessoas está relacionado aos problemas financeiros. “Temor de conviver com problemas financeiros” foi apontado por 22% dos entrevistados da pesquisa, sendo superado apenas pelo receio de falar em público.
Porém, ficar sem ter problemas financeiros é um risco que não pode ser 100% controlado. Como vimos, o inesperado pode acontecer e resultar num gasto considerável a ser feito. Imprevistos podem acontecer, desde um assalto, até uma demissão ou um acidente que faça com que a pessoa não consiga mais trabalhar, ou ainda ver todo o dinheiro de uma aplicação virar pó. É aí que entram os seguros, como uma forma de administrar os riscos.
Dessa forma, dá-se o nome de seguro, do latim “securus”, a todo o contrato pelo qual uma das partes (segurador) se obriga a indenizar a outra (segurado) em caso da ocorrência de um determinado evento (sinistro), em troca do recebimento de um prêmio.
História dos Seguros
Desde o primeiro dia dos seres humanos na Terra, sempre foram vivenciadas situações de riscos. Na Pré-História, época em que o homem ainda era nômade, os riscos estavam sujeitos à fatores climáticos e ambientais. O ser humano ainda era pouco desenvolvido e muitas vezes era presa de outros seres vivos da época. Com o passar dos anos, nossa espécie foi desenvolvendo tecnologias que traziam segurança em relação a alguns riscos, como por exemplo a descoberta do fogo, da roda, da agricultura e das construções. Porém, isso não quer dizer que os riscos se extinguiram. Pelo contrário, alguns se mantiveram, e, novos riscos foram surgindo.
Foi justamente da necessidade do ser humano controlar riscos que surgiram os seguros. Com o avançar das civilizações, os principais riscos passaram a estar relacionados com perdas que gerassem prejuízos financeiros. Justamente por isso, os seguros passaram a ter uma grande relação com o dinheiro. Existem indícios que na Babilônia, 23 séculos antes de Cristo, as caravanas de cameleiros que cruzam o deserto compartilhavam entre si os prejuízos com a morte dos animais. Na China antiga e no Império Romano também existiam formas de seguros, através de associações que visavam ressarcir membros que tivessem algum prejuízo.
Foi na época das Grandes Navegações, os seguros evoluíram ainda mais. Foi em Gênova, por volta de 1347, que o primeiro contrato de seguro foi escrito. Nele, existiam cláusulas que traziam garantias ou isenções aos seguradores de pagarem indenizações. As primeiras apólices (contrato entre a seguradora e o segurado) são de 1385, também na Itália.
Os seguros que, até então, eram mais fortes no meio marítimo, acabou entrando nos meios terrestres. Um fato marcante para isso foi o Grande Incêndio de Londres, em 1666. Na sequência, na época da Revolução Industrial, na Inglaterra, o seguro ganhou novos patamares. Ele acabou tornando-se praticamente obrigatório em todas as áreas da atividade humana, já que, com os avanços tecnológicos, novos riscos foram surgindo, como por exemplo, nos meios de transportes.
No Brasil, os seguros surgiram com a vinda da família real portuguesa e a abertura dos portos, em 1808. A primeira empresa seguradora do país foi a Companhia de Seguros Boa-Fé, com objetivo de operar no seguro marítimo. Por um bom tempo, a atividade de seguros era regulada elas leis portuguesas. Foi a partir de 1850 que foi promulgado o Código Comercial Brasileiro. Este acabou sendo um incentivo para o surgimento de várias seguradoras, expandindo o seguro marítimo para o seguro terrestre.
No governo Vargas, em 1939, foi criado o Instituto de Resseguro do Brasil, monopolizando o setor de seguros. Em 2007 o monopólio foi quebrado. A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) foi criada em 1966, responsável por ser o órgão oficial fiscalizador das operações de seguros.
Tipos de Seguros
No Brasil existem 95 ramos de seguros oficialmente classificados. De forma mais geral, a SUSEP trabalha com 16 grupos, de acordo com a Circular nº 455, de 6 de dezembro de 2012:
- Patrimonial: seguros contra incêndio, roubo de imóveis e seguros residenciais, condominiais e empresariais
- Riscos Especiais: seguros contra riscos de petróleo, nucleares e satélites
- Responsabilidades: seguros contra indenizações por danos materiais ou lesões corporais a terceiros
- Cascos: seguros contra riscos marítimos, aeronáuticos e de hangar
- Automóvel: seguros contra roubos e acidentes de carros
- Transporte: seguro de transporte nacional e internacional e de responsabilidade civil de cargas, do transportador e do operador
- Riscos Financeiros: seguros diversos de garantia de contratos e de fiança locatícia
- Crédito: seguros de crédito a exportação e contra riscos comerciais e políticos
- Pessoas Coletivo: seguros coletivos de vida e acidentes pessoais
- Habitacional: seguros contra riscos de morte e invalidez do devedor e de danos ao imóvel financiado
- Rural: seguros agrícola, pecuário, de florestas e penhor rural
- Outros: seguros no exterior
- Pessoas individual: seguros individuais de vida e acidentes pessoais
- Marítimos: seguros compreensivos para operadores portuários
- Aeronáutico: seguros para aeronaves, aeronáuticos
- Microsseguros: microsseguros de pessoas
Ainda pode acrescentar-se a relação a categoria de Seguros de Saúde, que são regulados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Os seguros também podem ser classificados como facultativos ou obrigatórios. A maior parte dos seguros vendidos por aqui são de contratação facultativa, porém, seguros como o Seguro de Danos Pessoais Causados por Automóveis de vias Terrestres (DPVAT), Seguro de Acidentes de Trabalho (SAT) são alguns exemplos de seguros obrigatórios.
Os seguros ainda podem ser divididos entre individuais ou coletivos. O seguro individual é uma relação entre uma pessoa/família e uma seguradora. Já os seguros coletivos, ou em grupo, apresentam um conjunto de pessoas ligadas entre si de modo que se estabelece uma relação triangular entre a seguradora, o segurado e o grupo.
Como são feitos os cálculos?
Já trouxemos aqui no blog um dos principais conceitos das Finanças: a relação Risco x Retorno. Basicamente, trata-se de uma relação direta que mostra que, para baixos níveis de risco, o retorno esperado é baixo, e, aumentando-se o risco, aumenta-se o retorno esperado.
Essa relação funciona nos investimentos, na análise de crédito do banco e também no ramo dos seguros. As seguradoras usam dados de riscos para calcular a probabilidade de ocorrência do evento contra o qual está fazendo o seguro. Quanto mais provável deste ocorrer, maior é o risco para a seguradora, portanto, maior o valor do prêmio de seguro (soma de dinheiro paga pelo segurado ao segurador para que este assuma a responsabilidade de indenizá-lo por determinado risco de perda).
Além do prêmio, é comum alguns seguros possuírem uma franquia. Para acionar o seguro, o usuário precisará arcar com um valor de franquia, para poder receber o que foi acordado na apólice. A franquia acaba sendo uma coparticipação do segurado no risco. Nestes casos, quanto maior o valor da franquia, menor o valor do prêmio.
O crescimento do (ainda tímido) mercado de seguros
De acordo com uma pesquisa da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), 66% dos brasileiros se preocupam com situações imprevisíveis do futuro, mas apenas 31% toma alguma iniciativa para se precaver. De acordo com a pesquisa, apenas 18% da população têm algum seguro pessoal contratado.
Dentre os motivos para não ter seguros, a principal justificativa é a de não ter renda disponível para adquirir a apólice (53%). Na sequência aparem como motivos a falta de interesse por seguros (44%), relação ruim de custo/benefício (15%), falta de informações suficientes (5%) e 1% dizem não acreditam em seguros.
Apesar destes pontos, o mercado de seguros vem crescendo, com o surgimento de novas opções de empresas e produtos, o avanço da tecnologia. Porém, acima de tudo, é de extrema importância que o tópico “Seguros” entre na lista de estudos para se ter uma boa educação financeira. Entender como cada seguro funciona, avaliar se é importante contratá-lo, e, saber comparar os produtos disponíveis auxiliarão no desenvolvimento de uma boa saúda financeira.