COP30: Como a Urgência Climática Está Redefinindo o Setor de Eventos

COP30: Como a Urgência Climática Está Redefinindo o Setor de Eventos

A COP30, marcada para acontecer em 2025 em Belém do Pará, não é apenas mais uma conferência climática — é um divisor de águas. Não só para a política ambiental global, mas também para o setor de eventos, que vive um momento de reinvenção forçada.

Diante da pressão climática e das expectativas por ações reais, o setor de eventos não pode mais operar como antes. Sustentabilidade, inclusão e impacto positivo saíram do discurso e entraram no checklist obrigatório de quem organiza, apoia ou participa de encontros corporativos, feiras, congressos e festivais.

O que é a COP30 e por que ela importa tanto

A COP (Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas) é o principal fórum internacional sobre o clima. A COP30 será realizada no Brasil, um dos países mais estratégicos nesse debate por conta da Amazônia. A escolha de Belém é simbólica e prática: coloca o mundo frente a frente com os impactos e soluções ambientais da maior floresta tropical do planeta.

Mas o evento vai além do campo político. Ele representa uma virada na forma como o mundo — e especialmente o setor produtivo — enxerga suas responsabilidades. E o setor de eventos, que movimenta multidões e grandes cadeias logísticas, está na linha de frente dessa transformação.

O setor de eventos e sua pegada ambiental

Eventos têm impacto. E ele é grande. Emissões de CO₂ com transporte aéreo, consumo excessivo de energia, geração de resíduos, desperdício de alimentos, uso de materiais não recicláveis… tudo isso pesa.

Alguns dados para dimensionar:

  • Um evento de médio porte pode gerar de 1 a 5 toneladas de lixo por dia.
  • Estima-se que um congresso internacional com 5.000 pessoas possa gerar até 3.000 toneladas de CO₂, considerando deslocamentos, alimentação e infraestrutura.

Esse modelo linear (produzir, usar, descartar) está em xeque. A pressão de patrocinadores, participantes e entidades reguladoras é clara: ou o setor se adapta, ou fica para trás.

Como a urgência climática está redefinindo o setor

A COP30 intensifica um movimento que já vinha ganhando força, mas agora se torna inadiável. Abaixo, os principais pontos de mudança:

1. Neutralização de carbono vira obrigação

Eventos carbono neutro deixaram de ser diferencial e viraram o novo normal. Isso inclui a medição precisa das emissões do evento; ações concretas de redução (transporte coletivo, fornecedores locais, energia renovável); e a compensação via créditos de carbono sérios e auditados.

Na COP30, espera-se que todos os eventos paralelos ou oficiais sigam essa lógica — e que sirvam de modelo replicável.

2. Fornecedores sustentáveis ganham prioridade

Organizadores estão repensando toda a cadeia. Fornecedores que não têm práticas sustentáveis estão sendo deixados de lado. Hoje, é preciso comprovar origem de materiais, eficiência energética e compromisso ambiental.

Desde a cenografia até o buffet, tudo entra na conta.

3. Redução de resíduos é regra

Plásticos de uso único estão sendo banidos. A montagem e desmontagem de estruturas agora precisam ser pensadas para gerar o mínimo de descarte. Muitos eventos estão adotando kits reutilizáveis ou biodegradáveis; ecocopos e utensílios compostáveis; e estações de coleta seletiva com monitoramento.

4. Tecnologia como aliada da sustentabilidade

Ferramentas digitais ajudam a tornar eventos mais limpos e eficientes:

  • Apps substituem papel e impressos;
  • Realidade aumentada evita transporte e montagem de materiais físicos;
  • Plataformas de gestão ajudam a monitorar consumo de energia, água e geração de resíduos em tempo real.

5. Experiências mais conscientes

O conteúdo dos eventos também está mudando. Palestras sobre ESG, oficinas sobre economia circular, painéis sobre inovação climática passaram a fazer parte da agenda — mesmo em eventos não diretamente ligados ao meio ambiente.

Afinal, a urgência climática não é pauta de nicho. É transversal.

Oportunidade para o Brasil: ser vitrine de eventos sustentáveis

Sediar a COP30 é uma vitrine. E é também uma chance histórica de mostrar que o país pode ser referência em eventos sustentáveis. Belém, por exemplo, já está sendo pressionada a preparar uma infraestrutura com foco ambiental e social. Isso envolve uma logística inteligente de transporte público e bicicletas; energia limpa em locais de evento; e a participação ativa de comunidades locais na organização.
Empresas brasileiras do setor de eventos têm a chance de se posicionar globalmente como fornecedoras de soluções sustentáveis, aproveitando a visibilidade da COP.

Turismo de negócios e sustentabilidade caminham juntos

A COP30 também coloca foco no turismo de negócios com pegada verde. Participantes de eventos agora escolhem com mais critério onde vão, como vão e o que consomem no destino. Cidades que oferecem hospedagem sustentável, alimentação orgânica e local, e programas de compensação de carbono ganham vantagem competitiva. A experiência do visitante importa — e ela precisa ser coerente com os valores da sustentabilidade.

Desafios reais do setor

Claro, nem tudo é simples. O setor enfrenta desafios como:

  • Custos mais altos de soluções ecológicas (que tendem a cair com escala);
  • Falta de padronização na medição de impactos;
  • Greenwashing — empresas que fazem marketing verde sem mudanças reais;
  • Infraestrutura urbana limitada para suportar eventos sustentáveis fora dos grandes centros.

Mas os eventos que não investirem em soluções reais correm o risco de serem rejeitados por patrocinadores, clientes e participantes cada vez mais exigentes.

A COP30 como catalisadora

A COP30 não é só uma conferência. É um acelerador. Um ponto de virada que obriga o setor de eventos a mudar agora — com impacto global. Quem estiver preparado vai se destacar. Quem ignorar essa mudança vai desaparecer.

O futuro dos eventos é verde — ou não será

A urgência climática não é mais previsão. É realidade. E o setor de eventos, que tradicionalmente operou com alto impacto, tem a chance (e a obrigação) de se transformar em um agente de soluções sustentáveis.

Mais do que se adaptar à COP30, é hora de fazer da sustentabilidade um valor central. Não como marketing, mas como compromisso real. O futuro dos eventos passa pela neutralidade de carbono, pela circularidade e pela transparência.

A boa notícia? Quem liderar essa transformação não vai apenas sobreviver — vai crescer com relevância, propósito e inovação.

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