Segundo dados do Ministério da Economia, o Brasil abriu 1,3 milhão de empresas nos últimos quatro meses. Atualmente, o país tem 19.373.257 Cadastros Nacionais de Pessoas Jurídicas (CNPJ) ativos, o que – apesar dos desafios – mostra que os brasileiros estão realizando o sonho de ter o seu próprio negócio.
No entanto, é preciso cuidado. No mesmo período, cerca de 541 mil empresas encerraram as atividades.
Dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), cerca de 21% das microempresas e 17% das pequenas empresas — que correspondem a 99% das empresas brasileiras — vão à falência antes de completar cinco anos de vida. Os principais motivos estão a falta de capacitação e de planejamento para longos períodos.
O que é a falência de uma empresa?
A falência da empresa é um processo judicial que acontece quando uma empresa não tem mais como arcar com suas dívidas — ou seja, está quebrada — e precisa encerrar as atividades.
Todo o processo é dividido em três fases. A primeira é a preliminar ou declaratória, onde a empresa declara a falência; a segunda fase, chamada de sindicância, é quando são averiguadas possíveis irregularidades e ocorre a apuração de bens para identificar o total do patrimônio. Por último, acontece a liquidação, onde os bens são vendidos para executar as dívidas — uma espécie de política de reembolso para os credores.
Mas não é qualquer empresa que pode entrar com um pedido de falência. Para começar o processo, é necessário que a dívida seja acima de 40 salários mínimos.
Micro e pequenas empresas, por outro lado, possuem um processo diferenciado para encerrar as atividades e arcar com suas dívidas: o processo de recuperação judicial. Com ele, as dívidas podem ser parceladas em até 36 vezes e também há a possibilidade de até 80% de redução do valor devido original.
O que fazer para evitar a falência de uma empresa?
Entender o que é a falência é o primeiro passo para evitar que sua empresa feche as portas. Por outro lado, existem outras atitudes que todo empreendedor deve ter para não fechar as portas.
Essas atitudes se iniciam antes mesmo de começar um negócio e são fundamentais para evitar e escapar de crises econômicas, riscos financeiros, momentos de vendas baixas ou qualquer outro problema que uma empresa pode ter em seu tempo de vida.
Tenha um plano de negócios
A primeira das atitudes é nunca começar um negócio sem ter algum tipo de planejamento.
O mais indicado é o plano de negócios: um documento onde são descritas todas as informações sobre a empresa, seu funcionamento e estratégias que a levarão a funcionar no dia a dia, além de estudos de mercado e de viabilidade de negócios.
Geralmente, a estrutura de um plano de negócios é a seguinte:
- Objetivos e metas da empresa;
- Dados estatísticos e estudos que mostrem o cenário onde ela está inserida;
- Atividades de seu dia a dia;
- Resultados esperados;
- Planejamento financeiro;
- Melhorias que podem ser feitas para melhorar os resultados.
Um plano de negócios pode ter diversas outras informações, de acordo com os objetivos da empresa e das pessoas empresárias, e que vão ajudar a guiar o caminho que a empresa irá percorrer.
Por isso, é importante criá-lo antes mesmo de criar um negócio.
Evite gastos desnecessários
Gastos desnecessários significam prejuízos financeiros. Por isso, é importante estar sempre atento para eliminar qualquer gasto que poderia ser evitado.
A melhor maneira de buscar e eliminar esses gastos é revisando os processos da empresa e buscando maneiras de otimizá-los. E isso é mais simples do que parece: por exemplo, iniciar uma política de documentos digitais na empresa economiza o dinheiro que seria gasto em papel para imprimir esses documentos, ou uma empresa que presta serviços ter uma política de reembolso do dinheiro que foi pago caso um serviço seja cancelado.
Além disso, ter uma boa gestão de contas a pagar para controlar as contas fixas e variáveis da empresa também é uma maneira de evitar gastos, e aqui podemos pensar no uso de ferramentas como um cartão corporativo para ajudar na transparência e na centralização das despesas da casa.
Renegocie dívidas e prazos
Se não é possível evitar a inadimplência, renegociar dívidas e prazos de pagamentos com fornecedores é uma maneira de demonstrar que, mesmo com dificuldades no caixa, a empresa ainda está tentando honrar suas dívidas. E isso é ótimo para os negócios.
Por isso, é importante, além de sempre se atentar a prazos de pagamento e juros que podem surgir, buscar renegociar aqueles pagamentos que não puderam ser feitos na data certa.
Busque sempre acordos que sejam benéficos para ambas as partes e que sejam realistas para a situação financeira da empresa.
Como reerguer uma empresa falida?
Se mesmo com todo planejamento a empresa entrou em crise ou está prestes a falir, existem quatro passos que podem ser tomados para tentar melhorar a situação.
O primeiro deles é conhecer e entender o tamanho da dívida da empresa. Isso pode parecer óbvio, mas é preciso considerar que existem juros, que se acumulam dia após dia, e podem aumentar o valor que se imagina que está sendo devido.
É necessário manter registros e projeções do crescimento da dívida junto à uma planilha financeira com as entradas e saídas de dinheiro do caixa para que seja possível entender exatamente o que se está tentando resolver.
Depois, é importante manter um registro de todas as entradas e saídas do caixa da empresa. Ou seja, ter um bom controle das finanças. Essa análise, além de permitir a visualização do dinheiro da empresa, também permite a redução e o corte de custos e gastos desnecessários, o que ajuda a economizar e aumentar o faturamento.
O fluxo de caixa é uma ferramenta utilizada para manter esse registro. Ter um e mantê-lo atualizado é fundamental para a área financeira de qualquer negócio.
O terceiro passo é entender a capacidade de pagamento da dívida. Ter informações sobre ativos disponíveis, dinheiro em caixa e dinheiro que ainda será debitado na conta da empresa é uma maneira de conseguir entender quanto é possível pagar sem prejudicar o funcionamento do negócio.
O último passo é a renegociação. Ao entender a capacidade de pagamento da empresa, fica mais fácil saber quais serão as dívidas que serão priorizadas, como é possível negociá-las e em quantas parcelas será possível pagá-las.
Reerguer uma empresa à beira da falência sem dúvidas não é uma tarefa fácil, mas também não é impossível. Basta controle financeiro e disciplina para entender o cenário onde ela está inserida e como será possível recuperá-la.