Analisar o valor real de uma empresa é uma tarefa de complexidade considerável, posto que há uma série de dados financeiros, patrimoniais e operacionais a serem considerados. Assim, conhecer o valor do negócio é vital para ações de expansão.
Atividades de ordem jurídica e administrativa, como abertura de filiais, oferta de franquias, fusões, vendas, planos de rebranding, venda de ações e parcerias, dependem do cálculo do valor da empresa na moeda corrente ou na cifra mais usada no mercado internacional.
Este artigo vai apresentar os elementos que definem o valor de uma empresa, os cálculos e relações necessárias para chegar a um valor total, além de listar práticas que ajudam a aumentar o valor de seu empreendimento.
Valor da empresa por meio de suas finanças
O recurso mais empregado durante o valuation, palavra empregada para as operações de valoração de uma empresa, está em suas finanças, organizadas em documentos contábeis como o balanço patrimonial, DRE e fluxos de caixa.
Considera-se o histórico de diagnóstico financeiro em um período de cinco anos, durante o valuation financeiro do negócio. Uma avaliação patrimonial busca não apenas compreender o faturamento, mas a consistência deste, isto é, o potencial de mantê-lo.
Esse processo é denominado análise de fundamentos entre investidores, amplamente empregado na avaliação do preço real de uma ação no mercado financeiro, prevenindo a compra de papéis inflados e detectando oportunidades em subprecificados.
O valor de ações, ou seja, unidades de sociedades abertas distribuídas no mercado especializado, está sob constante influência das relações de compra e venda de seus papéis. Tal variação nem sempre representa seu valor real.
A partir disso, reforça-se a importância de um diagnóstico mais profundo da empresa no que compete ao seu desempenho financeiro. Empresas registradas como sociedades abertas assumem a obrigação de divulgar seus dados contábeis periodicamente.
1 – Balanço patrimonial
O balanço patrimonial é um documento marcado pela relação estabelecida entre ativos e passivos da organização. Em uma definição inicial e mais bruta, ativos representam itens de geração de receita, enquanto passivos geram despesas.
O ponto de partida para qualquer empresa é o investimento de um capital inicial, montante advindo dos bens pessoais de seus fundadores. Neste momento, cria-se o primeiro elemento do balanço: o patrimônio líquido.
Este exibe todo o valor em dinheiro injetado na empresa independente de suas receitas, ou seja, é o investimento em moeda realizado por fundadores e posteriormente, investidores.
Contudo, a definição desta quantia se estende e todo dinheiro adquirido em receita e reinvestido no negócio, após a dedução de despesas e lucros, passa a integrar o patrimônio líquido da empresa. Por essa razão, o elemento é considerado decisivo para o valuation.
Algumas análises fixam no patrimônio líquido o valor total da empresa, em especial nos casos de comunicação editorial da marca, onde o jornalista responsável por um artigo de programa para gestão financeira coleta a informação com maior rapidez.
Por outro lado, o patrimônio líquido isolado de outros dados pode ser uma métrica imprecisa para precificação da empresa, especialmente em operações de venda ou fusões. Um método mais preciso é analisar outros aspectos do balanço.
Ativos
Os ativos são todos os pontos de geração de receita, como estoques de produtos, empréstimos prestados, produtos financeiros com rendimento constante, desde que façam parte oficial da empresa. Uma sala comercial para alugar é um exemplo de ativo.
Neste contexto se encadeiam os ativos circulantes e não-circulantes. Enquanto os ativos circulantes são de rápida dissolução, ou seja, convertem-se em dinheiro no curto prazo, os ativos não circulantes se estabelecem no longo prazo.
Os ativos não circulantes usualmente apresentam um teor de manutenção mais custoso, se comparado com os ativos circulantes. Empréstimos prestados geram menores gastos se comparados com estoques de produtos em uma loja de letreiro fachada, por exemplo.
Passivos
Os passivos são os itens que pertencem à empresa, sem geração de receita envolvida, ou obrigações vinculadas à organização, como salários e serviços. Todo o conjunto de equipamentos e material de trabalho é considerado um passivo.
Os passivos também seguem o modelo de categorização entre circulantes e não-circulantes. Os passivos circulantes são rapidamente quitados, como salários, contas a pagar e montantes devidos a fornecedores do negócio.
Os passivos não-circulantes estão usualmente concentrados nos imobilizados, como imóveis, centros de armazenamento, equipamentos, mobília e carros pertencentes ao negócio. Sofrem depreciação e acumulam custos periódicos de manutenção.
Os passivos imobilizados, por outro lado, também são acrescidos no valor real da empresa, uma vez que são bens de consumo. Contudo, a depreciação é deduzida neste cálculo. Uma operação de venda, por exemplo, transfere os carros da empresa para o novo dono.
2 – Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE)
Outro documento contábil de extrema importância para a precificação das empresas, o Demonstrativo de Resultado do Exercício, analisa o desconto das receitas de um período financeiro (exercício) por suas despesas operacionais e tributárias.
Exibindo uma série de tópicos, a DRE de uma empresa de comunicação visual começa com a Receita Bruta e finaliza no Lucro Líquido, com divisões entre despesas operacionais, despesas financeiras e despesas tributárias, sendo partes do primeiro tipo:
- Descontos concedidos;
- Impostos diretamente descontados sobre as vendas (ICMS, ISS, IPO, IPI);
- Custo de produtos ou serviços;
- Cancelamentos e devoluções de produtos.
Subtraídos esses custos, obtém-se o lucro operacional bruto, valor que será abatido pelas despesas administrativas, também chamadas de financeiras, formadas pelos tópicos:
- Despesas com Vendas (salários e infraestrutura investidos no setor);
- Despesas Gerais (salários e infraestrutura dos demais setores);
- Despesas Financeiras (empréstimos e outros produtos financeiros adquiridos);
- Despesas não-operacionais (custos fora do cotidiano, como compra de imobilizado).
Uma vez deduzidos esses valores, foi extraído o Resultado do exercício antes dos impostos não incididos sobre as vendas, já abatidos diretamente da receita bruta. Uma indústria de automação empresarial vai encontrar na sessão de tributos, os aspectos:
- Tributação para Contribuição social (CSLL);
- Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica (IRPJ);
- Fundos de previdência;
- Pagamentos a acionistas.
Por fim, é extraído o lucro líquido, o valor restante a ser reinvestido no negócio. Muitas leituras de valor da empresa caracterizam um lucro líquido positivo como decisivo para a precificação. Contudo, por mais intuitivo que soe, a posição não é unânime.
Todo o demonstrativo é analisado para compreender como a empresa está investindo suas fontes de renda, se há uma estratégia financeira com alto potencial de sucesso futuro ou se os gastos são inconsequentes e exagerados.
Outro fator de grande impacto em uma assessoria empresarial é o histórico de cumprimento de compromissos, isto é, a capacidade da organização para pagar suas dívidas e honrar obrigações firmadas com stakeholders, como a remuneração de acionistas.
A DRE é impactada pelo regime tributário ao qual a empresa faz parte, com isenções de determinados impostos para algumas modalidades.
O valor real de uma empresa pode ser deduzido por seu patrimônio líquido, acrescido de seu patrimônio imobilizado com depreciação deduzida, subtraídas suas dívidas e aliado às projeções de crescimento extraídas do histórico de lucros.
Valorizando o empreendimento
O empreendimento pode ser valorizado com base em ações que melhorem sua reputação e confiabilidade percebidas, além de outras estratégias direcionadas ao objetivo dos gestores, como fusão com outras empresas, oferta de ações, entre outros.
Trabalhe no percentual de endividamento
Um dos fatores que mais depreciam uma empresa é um histórico negativo de endividamento. O gestor deve controlar suas obrigações e operações com mão de ferro, uma vez que a honra de compromissos são a fachada comercial moderna do negócio.
Adquirir dívidas não é, por si só, problemático, desde que haja a capacidade de quitá-las. Salários de funcionários são considerados dívidas, por exemplo; um empréstimo pode ser uma opção acertada de alavancagem da empresa.
Essas operações devem ser administradas com racionalidade e cálculo, evitando ações precipitadas ou investimentos de alto risco, afinal, uma empresa com finanças seguras é uma empresa de valor.
Reduza a depreciação
Os ativos imobilizados podem melhorar a valorização de seu negócio, mas é necessário uma atenção especial com a depreciação de imóveis, equipamentos e veículos. O momento de aquisição de bens duráveis deve observar esse critério, de modo a projetar soluções.
Itens com depreciação mais lenta, como imóveis situados em regiões valorizadas, tecnologias que dispensam constante manutenção de hardware são algumas opções que podem ser consideradas pelo gestor.
Invista no fluxo de caixa
O fluxo de caixa é um documento importante para a projeção do capital de giro e margem de lucro. Manter bons números nesses dois indicadores, além de manter liquidez e reduzir o risco de calote, diminui a dependência de empréstimos e a contração de dívidas.
Conclusão
Entender o processo de valuation de uma organização é de extrema importância para o posicionamento da empresa no mercado financeiro. Além de viabilizar parcerias mais enriquecedoras, um alto valor indica a saúde do empreendimento
Muito do que diz respeito à melhoria do valor real do negócio, está relacionado à responsabilidade na gestão empresarial, escolhendo metodologias seguras e verificáveis, mantendo um controle saudável do que acontece no ambiente organizacional.
Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.