No próximo domingo acontece a segunda data mais comemorada pelo comércio, o Dia das Mães. A data simboliza a figura da mulher que cria seus filhos e, para muitos, a principal fonte de amor. Por isso, nessa data especial, os filhos desejam retribuir esse amor, comemorando o dia com sua mãe, tradicionalmente fazendo almoços especiais e entregando presentes.
História
No Brasil, a data foi criada em 1932, sendo comemorada todo 2º domingo do mês de maio. O costume de homenagear as mães é um hábito bem antigo. Desde os tempos dos gregos e dos romanos, a mãe dos deuses (Reia para os gregos e Cibele para os romanos) eram homenageadas. No século XVI, os ingleses costumavam presentear suas mães durante um serviço religioso, celebrado no quarto domingo da Quaresma.
O modelo de celebração atual começou nos EUA, graças a Ann Reeves Jarvis, que organizava grupos de mulheres que trabalhavam para melhorar as condições sanitárias da época. A data foi criada inicialmente para que as mulheres chorassem pelos soldados caídos e que pudessem promover a paz. A filha de Ann, Anna, após o falecimento da mãe, acabou reservando a data para fazer homenagens para sua mãe, e, pouco a pouco, o ato começou a se espalhar por outras cidades e estados dos EUA. Em 1914 a data comemorativa foi oficializada.
Para Anna, essa data deveria ser um dia em que todos passassem o dia com suas mães para agradecê-las por tudo o que elas significavam. Porém, Anna começou a ficar perturbada quando percebeu que a festividade estava se transformando numa mina de ouro para os comércios. Ela organizou protestos e boicotes, acabou até sendo presa, porém, como sabemos, esse esforço não deu muito certo.
Comércio
O Dia das Mães no Brasil é a segunda data que mais movimenta o comércio, perdendo apenas para o Natal. Ou seja, é a data mais importante do primeiro semestre e acaba até servindo como um termômetro para a economia. Após dois anos seguidos de queda nas vendas, em 2017 o número de vendas no Dia das Mães voltou a crescer. E segundo o Boa Vista SCPC, 2018 deve continuar neste crescimento, com números entre 4,5% e 5% superiores ao ano passado.
Segundo o Ibope Inteligência, 60% dos brasileiros pretender comprar presentes, num gasto médio de R$ 112. Já o SPC Brasil e o CNDL levantam que 74% dos brasileiros fazem ao menos uma compra neste período, o que deve injetar mais de R$ 17 bilhões na economia, com um gasto médio de R$ 153 por pessoa.
Nossos números
A partir do pressuposto de crescimento citado acima, resolvemos fazer uma pesquisa para analisar o comportamento dos consumidores frente ao dia das mães. A pesquisa foi feita aproximadamente uma semana antes da comemoração. O que chamou inicialmente nossa atenção foi que, das pessoas que presenteiam suas mães (cerca de 64%), praticamente 65% deixarão para comprar em cima da hora. Isso mostra que não terão tempo suficiente para fazer um bom planejamento na hora de comprar seus presentes e, provavelmente, não irão encontrar os melhores preços nas lojas, já que estas se aproveitam dessa situação dos consumidores para criar propagandas sedutoras, porém, muitas vezes, enganosas. Além disso, muitos responderam que não irão comprar nada. Este resultado é visto no gráfico abaixo, de acordo com a pergunta “Você já comprou os presentes para o Dia das Mães?”.
De acordo com o gráfico de barras abaixo, também vemos que, dos que irão comprar presentes este ano, a maioria nos dois casos já vai/foi com a ideia do presente em mente.
Também foi feito um levantamento para entender como funciona para as famílias que possuem irmãos, a fim de entender melhor o planejamento financeiro dentro de casa. Os resultados foram bem distribuídos. Nestes casos, a maioria apresenta os filhos se organizando para comprar um único presente. A menor incidência ficou na resposta em que cada um compra um presente, inclusive o pai. Alguns entrevistados citaram (como observação) a ausência do pai nessa data comemorativa e também na família em geral, o que explica somente 19,4% das respostas para este caso. Outro fato que também pode o explicar é a maior economia pela família na hora da compra dos presentes, já que a compra de vários presentes resulta em, geralmente, maior gasto de dinheiro. Outra observação exposta mostra vários casos com a presença de irmãos economicamente ativos comprando presentes em conjunto com irmãos mais novos (muitas vezes menores de idade).
Seguindo com as perguntas, temos uma das mais significativas para nosso estudo. Aqui temos um número que, negativamente, chama a atenção em relação ao planejamento financeiro. Mais da metade das pessoas não se planeja financeiramente, pouco menos de 37% planeja apenas o presente enquanto a minoria acaba planejando tanto o presente, quanto almoço, viagem e outros gastos. Uma maior educação financeira tornaria o Dia das Mães uma data muito mais tranquila, divertida e com menor possibilidade de dívidas futuras.
Ainda pensando no planejamento financeiro, fizemos um gráfico relacionando o planejamento com a faixa etária dos entrevistados. O resultado mostra que os que mais se planejaram foram os participantes menores de 20 anos. Uma possível explicação é o menor poder aquisitivo nessa faixa de idade.
Em relação aos presentes do ano passado, a maioria das pessoas se lembra do que comprou, e gastaram entre R$ 51 e R$ 100. É possível perceber a menor porcentagem de respostas nas faixas de preços mais altas. Cerca de 30% das pessoas não compraram nada e somente 9,3% gastaram mais de 200 reais.
Analisando por idades novamente, obtemos como resultado para forma de pagamento utilizada de acordo com as faixas etárias o gráfico abaixo. Vemos que pessoas mais jovens pagam seus presentes à vista, enquanto que os outros grupos tendem a pensar mais na forma de pagamento (fato demonstrado pela maior incidência de respostas “Depende do preço”.
Passando para a próxima pergunta, é importante ressaltar que o gráfico do valor gasto no ano passado é muito semelhante ao deste ano, o que mostra que as pessoas pretendem manter o valor do presente dado. Apesar de não se planejarem, a maioria das pessoas (praticamente 68%) já tem o presente em mente quando vai às compras. Mas não é todo mundo que compara os preços. Apenas 44% sempre fazem a comparação, enquanto os outros 44% somente às vezes. Um bom resultado, que mostra uma maior noção de economia financeira das pessoas, visto que apenas 11,2% destas não comparam os preços antes.
Em relação aos presentes, a maioria das pessoas acabam optando por roupas, sapatos, bolsas, acessórios e produtos de beleza. A maioria das pessoas ainda acabam comprando nas lojas físicas.
Outro fato interessante é a relação entre local de compra e comparação de preços dos presentes. De acordo com o gráfico abaixo, temos que as pessoas comparam bem mais os preços quando estão procurando presentes pela internet (mínima proporção de respostas “Nunca” para o local “Internet”). As pessoas que compram os presentes em lojas físicas muitas vezes são levadas à compra pelo impulso, o que talvez seja uma causa do grande número de respostas “às vezes” para a pergunta “Você compara os preços?”.
Dicas
Finalizando, temos algumas dicas para você e sua família aproveitarem o Dia das Mães sem ficar com peso na consciência!
Como vimos, o comércio adora o dia das mães pelo fato dele trazer muita gente às compras. Por conta disso, ofertas “especiais”, campanhas e atrativos são investidos para atrair cada vez mais o consumidor e fazer com que ele não economize na hora de comprar o presente.
Para evitar isso, fazer um planejamento inicial é imprescindível. O primeiro passo é levantar a faixa de preços que o presente pode ter, de modo que caiba no orçamento. Evitar compras parceladas é importante, de modo que um presente que será dado neste mês não comprometa os demais meses do ano. Para os casos de presentes mais caros, ir juntando o dinheiro mês a mês é um passo interessante e que ajuda a manter a saúde financeira em dia.
Uma vez definida a faixa de preços e os produtos desejados, é a vez de se levantar os preços. Comparar em buscadores online, mais de uma loja e buscar preços especiais é fundamental e evita gastar mais do que o previsto. Pedir descontos e saber dizer “não” para os vendedores também ajudam a fazer uma compra consciente.
Lembre-se também de incluir no orçamento, quando se aplicar, gastos com restaurantes e viagens nesta data, afinal de contas, alguém tem que pagar por isso. Caso você esteja com a carteira vazia, também existe a possibilidade de um almoço em família feito por você! Lembre-se que o maior presente que você pode dar a sua mãe é sua presença e o seu amor. Muitas vezes presentes caseiros ou uma simples flor podem ser entregues simbolizando o que você sente por ela.
Feliz dia das mães!
O artigo foi produzido pelo fundador da GFC – Gestão Financeira Criativa, Victor Barboza, e também teve a colaboração da Ana Alice Scalet, graduanda do curso de Estatística da Unicamp e pesquisadora de iniciação científica no Núcleo de Estudos de População da Unicamp (NEPO).