Nesta semana acontece a Semana Mundial do Investidor, do dia 30 de setembro até o dia 6 de Outubro. Trata-se de uma campanha global promovida pela Organização Internacional das Comissões de Valores (IOSCO) para a conscientização sobre a importância da educação e da proteção dos investidores. Por isso, em especial para esta semana, preparamos este artigo sobre como está o mundo dos investimentos.
Cenário atual: Renda Fixa perdendo forças
Estamos passando por um momento, no mínimo, interessante em relação ao mercado de investimentos, tanto no mundo quanto aqui no Brasil. Com o avanço da tecnologia, a cada semana que se passa surge uma nova solução. O movimento das Fintechs, no mundo todo, vem apresentando novas soluções de produtos e serviços financeiros, inclusive, nos investimentos.
Aqui no Brasil, além do movimento da Fintechs, também estamos passando por um momento da economia que faz cada vez mais as pessoas buscarem novas formas de investir. A nossa taxa básica de juros, a Selic, está no seu menor valor da história, voltando a ter cortes, o que faz com que investimentos de renda fixa percam rentabilidade. A Poupança, com a taxa Selic em 5,5% ao ano, está pagando cerca de 3,85% no ano. O Tesouro Selic, que há alguns anos estava com rentabilidades na casa dos dois dígitos, está pagando menos. Títulos atrelados a taxa DI, como CDB’s, LCI’s, LCA’s e fundos também perderam força.
Muita gente já começou a se mexer para buscar outras alternativas de investimentos. Porém, de acordo com levantamento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais feito em 2018, 85% dos investidores brasileiros investem pela Caderneta de Poupança. Trata-se do investimento que tem a maior parte dos recursos investidos, representando 39,2% do total.
Para quem não sabe, a ideia da Caderneta de Poupança surgiu durante o império de D. Pedro II. Claro que as regras mudaram, mas a essência é a mesma. Na regra atual, com a taxa Selic abaixo dos 8,5%, a Poupança tem sua rentabilidade calculada como 70% da taxa Selic meta. Ou seja, por isso que a queda da Selic também está puxando a queda da Poupança.
E pior do que a rentabilidade caindo, é o fato de algumas vezes ela perder inclusive da inflação. Por exemplo, de janeiro a maio deste ano, a Poupança rendeu 1,49%, contra uma inflação de 2,27% para o mesmo período. Em outras palavras, o investidor perdeu poder de compra.
E não é só a Poupança que vem causando “desconfortos”. Vários títulos de renda fixa de bancos também mostram desempenhos nada satisfatórios. Por exemplo, há algumas semanas um dos grandes bancos sofreu uma pressão para abaixar a taxa de administração de um de seus fundos, pois estava sendo cobrado o mesmo valor que a Selic, 5,5%.
Risco x Retorno
Até é possível buscar investimentos conservadores que superem a Poupança, dentro da renda fixa. Porém, mesmo superando a Poupança, as rentabilidades não são das mais altas. Isso se dá muito em função da tal relação Risco x Retorno.
Quando se tem um risco mais baixo, o retorno esperado é menor. Conforme aumenta-se o risco, o retorno esperado sobe. E vale reforçar que é o retorno ESPERADO, e não garantido. Conforme o risco vai aumentando, as certezas sobre o retorno vão se diluindo.
Cuidado com golpes, fraudes e pirâmides
Golpes, fraudes e pirâmides financeiros já existem há tempos, porém, além de continuarem existindo, em cenários como este onde as pessoas buscam maiores rentabilidades, eles ficam mais “nítidos”.
As queixas feitas por investidores na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) só aumentam, e, mostram que muita gente acaba caindo nas promessas dinheiro fácil com baixo risco. Para evitar cair nestas furadas, sempre pesquise sobre a instituição e o produto no qual você está investindo, verifique se há uma regulamentação e autorização por trás e sempre lembre-se da relação risco x retorno. É sempre bom evitar aquilo que você não entendeu como funciona ou que estiver causando qualquer possibilidade de suspeita.
O crescimento da Renda Variável
Com a renda fixa pagando menos, resta aos investidores que buscam maiores retornos partirem para a renda variável. Porém, como o próprio nome já diz, trata-se de algo que varia, não vai ter mais aquela ação dos juros compostos, mas sim, da variação de preços e em função da oferta e da demanda.
No Brasil, o mercado de renda variável sempre foi muito tímido comparado com o resto do mundo. Os números ainda são bem baixos, mas estão crescendo. No mercado de ações, a bolsa de valores brasileira, a B3, alcançou a marca dos 1,3 milhão de investidores. No mercado de fundos imobiliários, a marca de 1 milhão de investidores foi alcançada agora em setembro.
Se formos ver, os números ainda são bem pouco expressivos comparados com os mais de 200 milhões de habitantes do país, ou pelo menos com os quase 80 milhões que fazem parte da População Economicamente Ativa.
Mas, conforme trouxemos, não basta apenas começar a investir na renda variável. Como o nível de risco é maior, é necessária a existência de reservas de emergência e uma boa base de educação financeira, para que as estratégias possam ser construídas de acordo com o perfil do investidor.
Pensando nisso, aproveite as iniciativas desta terceira edição da Semana Mundial do Investidor. São realizadas iniciativas presenciais e online, todas gratuitas, que poderão contribuir para o aprofundamento da educação financeira.