Parece óbvio, mas muitas vezes uma das coisas mais importantes na hora de se escolher investimentos é deixado de lado. Trata-se do tempo. O investidor, quando aplica seu dinheiro em algum lugar, está abrindo mão de gastá-lo para ver o mesmo crescer em uma aplicação financeira.
Fazendo uma recapitulação, vale lembrar que dividimos os investimentos em duas categorias principais: renda fixa e renda variável. E, também nunca é demais reforçar, independente do tipo de investimento, todos eles têm um grau de risco atrelado, o que vai mudar é que em alguns investimentos esse grau de risco é reduzido e em outros, esse grau de risco já é mais elevado. Se fosse possível, todo mundo optaria pelo investimento com baixo risco mas com alto retorno, o que acaba sendo algo fora da realidade. Com baixas riscos, o retorno esperado é menor, e, aumentando-se esse grau de risco, o retorno ESPERADO é maior. Porém, como aumenta-se o grau de risco, aumenta-se também as chances do esperado não acontecer.
Renda Fixa
Na Renda Fixa, que é composta por investimentos como a Poupança, CDB,LCI e Tesouro Direto, essa relação do tempo com o investimento é o fator que determina sua remuneração. Basicamente, temos a seguinte equação para cálculo do valor que o investimento passará a ter (valor futuro), FV:
Nessa equação, podemos ver há uma relação direta (maiores valores resultam maiores retornos) entre os fatores que se multiplicam: o valor aplicado inicialmente (valor presente) PV, a taxa de juros da aplicação i, e o período de tempo que o dinheiro ficará investido n. Mais do que essa relação direta em que o valor futuro aumenta a medida que qualquer um dos fatores é aumentado, reparem que o período de tempo é um fator exponencial (elevado a n), o que resulta em ganhos ainda maiores. O gráfico abaixo ilustra bem essa relação. A taxa de juros é um fator que altera os retornos, evidentemente, mas mais do que isso, o tempo que o dinheiro permanece aplicado é o que faz o gráfico cada vez mais tender para um crescimento quase vertical:
Portanto, quanto maior for o período de tempo n, maior será o retorno. Portanto, no caso da Renda Fixa, é evidente que quanto mais tempo investe-se, necessariamente mais ganhos virão.
Renda Variável
No caso da renda variável, como o próprio nome já diz, há uma variação dos retornos sobre os investimentos. Ativos como ações e criptomoedas já não seguem a equação matemática mostrada na Renda Fixa, já que não há uma taxa de juros nem um vencimento.
Nesse caso, o risco é mais elevado do que os investimentos de renda fixa, e por isso, justamente, o investidor que opta por essa categoria está visando maiores lucros. Na renda variável, é possível sim ganhar bastante dinheiro em curto prazo, porém, como há um risco de mercado fortemente atrelado aqui, esses ganhos podem também ser grandes perdas. Inclusive, a análise técnica é uma forma muito utilizada para entender os comportamentos das cotações e, a partir disso, encontrar especulações e tendências para compra e venda na hora certa.
Porém, o investidor que não deseja ter um acompanhamento tão constante e também não deseja correr riscos tão elevados, em boa parte dos casos o fator tempo também tem uma importância bastante grande na renda variável.
Vejamos alguns exemplos. O S&P 500 é um índice composto por quinhentos ativos cotados nas bolsas NYSE ou NASDAQ. Basicamente ele é composto pelas principais ações negociados nas bolsas dos EUA. Se formos observar o gráfico de 1996 até o momento, o fator renda variável é notável por conta das oscilações em alguns períodos, porém, se analisarmos de maneira geral, o gráfico de seu início até o momento presente, vemos uma grande variação, com cerca de 280% de aumento. Vale ressaltar também que a composição do índice são as principais empresas listadas nas bolsas dos EUA.
No Brasil, o principal índice da Bolsa de Valor é o Ibovespa. Ele acaba sendo composto pelas ações com maior volume negociado nos últimos meses. Repare que, mesmo não tendo uma elevação tão grande quanto o S&P 500, ele também apresenta uma valorização no longo prazo:
Novamente vale reforçar que tratando-se de renda variável, as altas e baixas são normais, com grande impacto de crises econômicas, fatores políticos entre outros.
De maneira geral, para bons ativos de renda variável, podemos ver que o tempo acaba sendo um fator que dilui o risco, pois, no longo prazo, as cotações tendem a ir subindo, e, podendo deixar por mais tempo, o investidor pode esperar para resgatar numa boa hora, quando ver que apresentou uma boa elevação. Nesse caso, definir metas também é um fator que ajuda a tomar as decisões.
A lição que tiramos disso tudo é que o tempo é um fator que tem fundamental importância na hora de se investir. Na renda fixa, a relação é clara e direta. Na renda variável, até consegue-se usar técnicas no curto prazo, mas, para o investidor que não tem urgência de tempo nem de dinheiro, o longo prazo também pode trazer grandes retornos. Portanto, sempre que for investir, tenha objetivos e metas, para ai sim, saber escolher o melhor investimento para você!