Vejamos se você tem boa memória. Você se lembra o que almoçou ontem? E quanto você gastou no Natal passado? Indo mais longe ainda, você se lembra quanto custava um panettone 10 anos atrás? De acordo com pesquisas feitas nos EUA, nós consumimos cerca 34 gigabytes de informações por dia, sejam elas palavras, músicas, imagens, vídeos, e por aí vai. Isso equivale dizer que as pessoas passam quase 12 horas por dia consumindo informação, sendo que só de palavras, são lidas/ouvidas mais de 100 mil por dia. Não conseguimos mensurar, em números, quantas dessas informações nosso cérebro pode armazenar, sendo que temos uma memória de curto prazo e outra de longo prazo. Mas uma coisa é fato, muitas coisas caem no esquecimento, e o preço de coisas lá trás é uma delas.
Efeito Inflação
A primeira consideração que precisamos fazer em relação à análise de preços lá trás, é lembrarmos da inflação. Esta palavra refere-se a um aumento contínuo e generalizado dos preços em uma economia. Basicamente esse aumento é por causa dos efeitos demanda, custos e também inercial. Por exemplo, se formos considerar apenas a demanda, 10 anos atrás, em 2008, o Brasil tinha uma população de 191,5 milhões. Hoje, o país tem 209,3 milhões de pessoas, um aumento de mais de 9%.
Com esse aumento populacional, já podemos considerar que existem mais consumidores, um aumento natural da demanda. Em relação ao salário mínimo, em 2008 este era de R$ 415, enquanto que neste ano, o mesmo é de R$ 954, 129,88% maior.
Como existem inúmeros produtos e serviços, para analisar a inflação, realizamos uma média, entre diferentes cestas. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, é um reflexo do custo de vida das famílias. O valor acumulado de 2008 até aqui é de 77,18%. Isso significa dizer que um produto que custava R$ 1 em 2008 hoje custará R$ 1,77. Esse já é um primeiro sinal da importância de buscar investimentos que pelo menos acompanhem a inflação, para que não se perca poder de compra. Com a perda desta, seria equivalente dizer que, a cada ano, para o mesmo valor em mãos, um item do carrinho de compras precisaria ser retirado.
Mas e com os produtos natalinos, como será que os preços se comportam?
Para encontrar essa resposta, levantamos alguns dos principais produtos que são comprados nessa época do ano. Em relação ao Panettone, há uma grande variação de marcas e modelos. Para um modelo tradicional, com as frutas cristalizadas, o modelo de 1 kg da Bauducco, em 2008, era encontrado por cerca de R$ 26,60. Hoje, o mesmo modelo é vendido na faixa dos R$ 59,99 (125,53% mais caro). Já o modelo de chocolate, 10 anos atrás custava R$ 16,60, enquanto hoje custa R$ 24,70 (aumento de 48,8%). Comparando com outras marcar, por exemplo, o aumento também ocorre, naturalmente. A Havanna vendia seu panettone de 700g em 2008 por cerca de R$ 35. Hoje, o mesmo está na faixa dos R$ 69,90 (99,71% mais caro). Vale lembrar que, além do fator aumento da demanda, os itens e a mão de obra para confecção dos panettones também ficaram mais caros, justificando parte do aumento do preço.
Nessa época do ano também é comum a compra das cestas básicas. A partir do DIEESE, fizemos uma comparação do valor médio nacional da básica. Em 2008, esta custava em média R$ 218,32. Hoje ela tem um custo médio de R$ 395,55, aumento de 81,18%.
Natal também acaba sendo sinônimo de presentes. Como exemplo, comparamos o preço dos vídeo games de última geração no ano de 2008 com os de agora. Em 2008, os vídeo games de última geração eram o Xbox 360, o Nintendo Wii, e o Playstation 3. Hoje, os modelos mais novos são o Xbox One, Playstation 4 e o Nintendo Switch. Abaixo tem a tabela mostrando a comparação entre os preços:
Video Game |
2008 | 2018 | % |
Nintendo | R$ 1.500 | R$ 1.849,19 | 23,28% |
Playstation | R$ 1.800 | R$ 1.649,00 | -8,39% |
Xbox | R$ 1.800 | R$ 1.645,00 |
-8,61% |
Nesse caso, como estamos falando de tecnologias, vemos que há um comportamento diferente dos preços do Xbox e do Playstation, mostrando que comprar um vídeo game de última geração hoje comparado com 10 anos atrás custa mais barato. Isso pode ser explicado pelo fator importação, cotação do dólar, produção local, e aparelhos que tornam-se obsoletos mais rapidamente.
Outro aparelho muito cobiçado desde 2008 é o iPhone. Naquele ano, foi o lançamento do mesmo, o modelo mais básico custava R$ 1.200. Hoje, o modelo equivalente custa em torno de R$ 3.000 (aumento de 150%). Para efeito de comparação, em 2008 o dólar estava cotado, em Dezembro, na faixa dos R$ 2,39. Hoje, ele está cerca de R$ 3,90 (aumento de 63%).
A grande lição a ser tomada disso tudo é a importância de poupar e investir, parte da sua renda, em investimentos que tragam, pelo menos, um acompanhamento da inflação, para que você possa manter o seu poder de compra, inclusive no Natal.