A palavra Dívida gera desconforto para muita gente. Apesar de não ser um vírus nem uma bactéria, ela pode acabar sendo o motivo para muita gente ter problemas de saúde, como estresse, ansiedade e depressão.
E não estamos falando de pouca gente. De acordo com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o ano de 2020 começou com 62 milhões de brasileiros endividados. E, para piorar, o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) fez um levantamento que mostra que mais de 30 milhões de brasileiros estão superendividados. Isso significa dizer que estas pessoas não possuem mais condições financeiras de arcar com as próprias dívidas.
Para fugir deste cenário, é interessante evitar ao máximo os empréstimos. Fazer um bom planejamento financeiro e criar as próprias reservas. Porém, imprevistos acontecem e, em alguns casos, o crédito pode ser um alavancador de novas receitas, e, nestes casos, o empréstimo pode ser a saída.
Contraindo a dívida
A dívida surge, de maneira geral, num cenário em que o indivíduo gasta mais do que recebe. A matemática já mostra que, neste cenário, faltará recurso, o que, leva ao saldo negativo. Este, num primeiro momento, acaba impossibilitando a pessoa de consumir, e, é aí que surgem as linhas de crédito, possibilitando o indivíduo de obter recursos de um terceiro, para poder consumir, e, posteriormente, devolver o dinheiro emprestado com a adição dos juros.
É nesta hora que todo o cuidado deve ser tomado, pois, num primeiro momento, o indivíduo vê dinheiro entrando, voltando a deixar a sua conta positiva. Porém, é um dinheiro “provisório”, já que precisará ser devolvido. E o valor a ser devolvido, em boa parte dos casos, é maior do que o valor que foi tomado, por conta dos juros. Para amenizar um pouco a situação, existem as opções de parcelamento.
Porém, mesmo o parcelamento precisa ser visto com muito cuidado, pois ele comprometerá por diversos meses (e até anos) uma quantia do orçamento. Se a pessoa não se planejar, ela acaba se enrolando ainda mais do que naquela situação inicial, do saldo negativo.
Prazo de Crédito
O tempo é outro ponto interessante e que deve ser muito bem analisado na hora de se pensar em empréstimos. Para adquirir a linha de crédito, existem as variáveis da análise do tomador, mas, de uma maneira geral, é um processo relativamente rápido. O indivíduo solicita o crédito, a instituição financeira faz a proposta, e a pessoa, uma vez aceitando, recebe o dinheiro. Agora, o é o prazo para o fim deste processo que pode ser muito demorado, podendo levar anos.
Para entender melhor estes prazos, o Banco Central fez um levantamento do prazo de crédito, ou seja, o prazo médio que o tomador de crédito leva para quitar seus empréstimos. Para o mês de dezembro de 2019, este prazo médio ficou em 57 meses (quase 5 anos!)
Este prazo é uma média entre as diferentes linhas de crédito. Quando olhadas separadamente, temos a seguinte ordem: cartão de crédito parcelado (10,3 meses), compra de outros bens (19,5 meses), crédito pessoal não consignado (35,8 meses), financiamento de veículos (44,9 meses), consignados para trabalhadores do setor privado (48,9 meses), consignado para aposentados (68,4 meses) e consignado para trabalhadores do setor público (88 meses).
Motivos
Os motivos para busca do crédito são diversos. Vai desde o crédito para consumo, para capital de giro e até o crédito para pagar outras dívidas. Para ter uma noção, a fintech de crédito Noverde fez uma pesquisa para entender o motivo pelo qual seus usuários solicitam crédito. Para o primeiro empréstimo solicitado, quitar dívidas é o principal motivo, representando 54,5% dos usuários. Na sequência aparecem sair do cheque especial (13,9%); pagar uma reforma, ou conserto que saiu mais caro que o previsto, ter capital de giro para o negócio ou despesas de saúde (10,7%); ajudar amigos ou parentes (7,9%); pagar estudos (6,3%); comprar um bem (5,8%).
Linhas de Crédito
O crédito pode ser algo muito interessante, mas também pode ser uma verdadeira corda para a pessoa se enforcar. Podemos dizer que ele é interessante quando um indivíduo ou uma empresa utilizam dele para obter recursos que poderão aumentar o faturamento futuro, como por exemplo a compra de uma máquina para uma empresa produzir mais, ou a reforma de um imóvel para uma pessoa colocar para aluguel. Já no caso do crédito para consumo, deve-se tomar muito cuidado e verificar se haverá condições de repô-lo.
Existem diferentes linhas de crédito, seja para pessoa física, seja para pessoa jurídica, que são oferecidas por diferentes instituições financeiras e não-financeiras. O valor de empréstimo, as taxas de juros e as condições acabam variando. Essa concorrência pode ser muito positiva para quem estiver buscando crédito (ou querendo trocar), pois é possível encontrar condições melhores para o bolso.
Planejamento e Gestão do Crédito
Para minimizar os problemas que o dinheiro emprestado pode lhe causar, fazer um bom planejamento e uma boa gestão deste crédito é de extrema importância. No planejamento, avalie se você realmente precisa do crédito. Caso seja necessário, busque comparar as linhas de crédito e as instituições financeiras, buscando as melhores condições para você. Uma vez definido, faça o plano de pagamentos, com a atualização do seu orçamento mensal.
Viu outros lugares com condições melhores? Você pode buscar a portabilidade do crédito. Entrou um dinheiro que você não tem planos para usar? Negocie para reduzir o peso dos juros. Se perdeu com as dívidas? Volte nestas perguntas anteriores e busque negociar com quem cedeu o crédito.