Uma das grandes datas do mês de junho é celebrada no dia 12: o dia dos Namorados. A origem histórica dessa data vem lá dos tempos do Império Romano, quando o bispo da Igreja Católica, São Valentim, foi proibido de realizar casamentos. São Valentim acabou desrespeitando a ordem e realizou casamentos de forma secreta, porém, foi descoberto e acabou sendo preso e condenado à morte. A data de sua morte, 14 de fevereiro, acabou tornando-se a data do dia dos namorados na Europa e nos EUA.
No Brasil, a data tem forte relação com o frei português Fernando de Bulhões (Santo Antônio). O frei sempre destacava a importância do amor e do casamento, e acabou ficando conhecido por ser o santo casamenteiro. Por isso, dia 12 de junho, um dia antes do dia de Santo Antônio, acabou tornando-se o dia dos namorados por aqui.
A data tem grande importância para o comércio, pois namorados, pretendentes e até casados não só compram presentes uns para os outros, como também costumam ir à bares, restaurantes, cinemas e teatros para comemorar o dia ao lado da pessoa amada.
Aproveitando essa data especial, estes comércios, desde a semana posterior ao dia das mães, concentram suas forças para fazer campanhas que atraiam os namorados, que, como nas outras datas, muitas vezes são divulgadas como promoções e condições especiais, mas muitas vezes não passam das condições normais. Por isso, um bom planejamento, com orçamento, deve ser preparado para que a comemoração não prejudique o bolso na segunda metade do mês, ou pior, que os próximos meses também sejam afetados.
Fizemos uma pesquisa para analisar o comportamento das pessoas frente a esta data:
Em nossa pesquisa, incluímos somente as pessoas com algum tipo de relacionamento atual (namorando ou casadas). Portanto, do total de 661, apenas 487 pessoas seguiram com o questionário, colaborando com as análises. Vemos que a média de idade das 487 pessoas é de aproximadamente 25 anos e que a maioria possui tempo de relacionamento de até 4 anos.
Sabendo disso, será que o tempo de relacionamento influencia na comemoração do dia dos Namorados? Podemos ter uma primeira ideia sobre isso ao analisar o gráfico abaixo:
Pela nossa pesquisa, maior parte das pessoas comemora o dia dos Namorados, independentemente do tempo de relacionamento. Ao olharmos para os períodos de tempo separadamente, percebemos uma maior porcentagem de comemoração entre as pessoas que namoram/são casadas há menos de 1 ano. Esse dado mostra um fato já conhecido, onde as pessoas tendem a comemorar mais os relacionamentos quando estes estão no começo.
Portanto, aparentemente o tempo de relacionamento influencia na comemoração da data, quanto maior o tempo, menor a porcentagem de pessoas planejando comemorar.
Ao olhar o próximo gráfico, vemos que as proporções de pessoas comemorando em relação com as idades mostra a mesma lógica do fato acima. Embora as proporções sejam bem próximas, quanto menor a idade das pessoas entrevistadas, mais elas planejam comemorar o dia dos Namorados.
Pensando apenas em quem irá comemorar o dia dos Namorados, temos o gráfico abaixo com os gastos planejados e o que as pessoas pretendem fazer no dia. A maioria das pessoas pretendem gastar até 100 reais, e grande parte escolhem comemorar em algum barzinho ou restaurante. Um dado interessante é o grande número de pessoas que escolhem simplesmente ficar em casa ao invés de comemorar com o parceiro. Isso é um fator importante na hora de reduzir os gastos, pois há a possibilidade de comemorar o dia dos Namorados em alguma data diferente da data nacional (por exemplo, aproveitar o aniversário de namoro e comemorar as duas datas juntas), ou apenas aproveitar o momento juntos em casa assistindo um filme, etc.
Vemos pelo gráfico abaixo que as pessoas estão mais dispostas a dividir os gastos da comemoração do que arcar com as despesas sozinhas, independentemente do tempo de relacionamento. Poucas pessoas pagam toda a comemoração:
Seguindo com a análise feita acima, temos o gráfico de divisão dos gastos por idade. Percebemos que a em qualquer idade, dividir é a solução mais escolhida pelas pessoas entrevistadas, mas ainda há uma maior proporção de pessoas que pagam tudo na faixa dos maiores de 40 anos. Um indício de que estas possuem uma situação financeira melhor do que as com menos de 40 anos, ou que possuem um planejamento financeiro melhor para esta data.
Fazemos, então, um paralelo com os locais de compra dos presentes, idade das pessoas e o quanto estes pretendem gastar. Pelo gráfico abaixo, temos evidências de que as pessoas com menos de 20 anos irão gastar menos de R$ 100 nos presentes (comprando pela internet ou shopping) e que pessoas com mais de 40 anos preferem comprar presentes mais caros pela internet, enquanto os mais jovens preferem gastar mais nas compras em shoppings (lojas físicas).
Uma vantagem de se procurar opções de presentes pela internet é a melhor comparação dos preços, tendo tempo suficiente para olhar diversas promoções ou trocar de site ao não gostar do produto, por exemplo. As compras em lojas físicas, por outro lado, tiram um pouco da comodidade oferecida pela internet, porém dão a opção de conhecer melhor os produtos, ter ideias novas de presentes ao olhar as vitrines e muitas vezes fornecem modos de economizar nos gastos, através de descontos diretamente com os vendedores/donos das lojas. Portanto, cada pessoa possui seu critério de economia na hora da compra dos presentes.
Fato é, a comemoração do dia dos namorados é uma data que traz uma grande movimentação para o comércio e para bares e restaurantes. Desde o final de maio as lojas e os shoppings já fazem ações especiais para “atrair” a atenção dos consumidores. Mas, gastar mais não significa gostar mais. Claro, dar um presente e ter uma boa comemoração são desejos de muitos namorados, mas, antes de mais nada, é preciso ver como andam as finanças do casal. Não vale a pena comprometer as finanças para o resto do ano por conta de uma única data. Vale mais a pena economizar hoje para que nas próximas oportunidades, a comemoração possa ser do jeito esperado. Portanto, caso planejado e conversado, pode-se ter uma boa comemoração, em restaurantes de primeira e com presentes belíssimos. Porém, caso não haja dinheiro para este fim neste momento, nada impede de ser feita uma comemoração caseira, sendo que o presente pode ser algo simbólico e feito com amor.
O artigo foi produzido pelo fundador da GFC – Gestão Financeira Criativa, Victor Barboza, e também teve a colaboração da Ana Alice Scalet, graduanda do curso de Estatística da Unicamp e pesquisadora de iniciação científica no Núcleo de Estudos de População da Unicamp (NEPO).