Chega o fim de ano e o brasileiro já começa a se preparar para as grandes festas e consumir muito, tanto para presentear quanto para comprar artigos para enfeitar a casa ou aquela roupa tão aguardada. E o Décimo Terceiro tem tudo a ver com isso.
Depois de mais de 300 dias de luta e de muito trabalho, os últimos meses do ano servem, para muitas pessoas, como um momento de descanso da mente por meio do consumismo.
O mundo capitalista se estabeleceu assim, primeiramente com o Natal e agora, mais recentemente, com a Black Friday.
As próprias datas incentivam isso, a internet impulsiona as compras de temperos a granel atacado e as empresas, que percebem os movimentos de mercado, também trabalham muito suas divulgações para comunicar promoções de seus produtos e serviços.
É época de festa, de olhar para o ano e entender o que se passou e de olhar para a vida e entender o que falta para deixá-la ainda melhor. Mas como fazer isso se, às vezes, para muitos brasileiros, o salário não dá conta?
O décimo terceiro salário foi criado justamente para essa finalidade depois de diversas reivindicações trabalhistas nesse sentido.
O que é o décimo terceiro e como surgiu?
Depois de uma revolucionária criação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), nos anos 1940, em que diversos benefícios foram criados para abarcar a vida laboral de funcionários contratados depois de um exame admissional, a década de 1960 viria.
Enquanto em abril de 1961, o mundo avançava cientificamente de forma exponencial com o feito do russo Iuri Gagarin como primeiro homem a ir ao espaço, no Brasil o que mais se discutia no campo econômico e trabalhista era a questão da adesão do décimo terceiro.
De fato, eram debates realmente acalorados entre deputados na Câmara, em Brasília. Afinal, era considerada na época uma medida ideológica em que grupos de esquerda apoiavam essa decisão e grupos de direita, em sua maioria, eram contra.
E os dois lados estavam mais aflorados do que nunca naqueles tempos. A Guerra Fria dava as caras no âmbito Internacional com os Estados Unidos, representando o capitalismo, e a União Soviética, representando o socialismo.
As transformações da década de 1960 ditaram o rumo de várias iniciativas, inclusive a do décimo terceiro, que entrou nessa mesma onda de revolução.
De acordo com a Agência Senado, a fundação do décimo terceiro, que foi proposta inicialmente em 1959 pelo deputado Aarão Steinbruch (PTB-RJ), foi finalmente aprovada em 27 de junho de 1962.
Sancionada pelo então presidente João Goulart em 13 de julho, a Lei 4.090 garantia o que muitos pediam há tempos: uma gratificação muito perto do Natal que permitisse o poder de compra de extensão de cílios efeito boneca aos brasileiros, entre outros produtos, sob o regime da CLT.
O benefício é como se fosse um salário a mais no ano, que tem 12 meses. Por isso, é chamado de décimo terceiro.
O contexto na época era de profunda crise inflacionária, que chegaria a mais de 51% em dezembro, segundo os relatos da Agência Senado sobre o contexto do décimo terceiro.
Então, como a inflação ruía o poder de compra das pessoas por estar tão alta, não permitindo uma necessária manutenção elétrica corretiva, a notícia foi altamente comemorada pelos brasileiros na época. E o Brasil já tinha muito a comemorar.
Em maio de 1962, o cinema brasileiro atingiu seu ápice com a Palma de Ouro para o filme O Pagador de Promessas, no renomado festival de Cannes, na França.
E, em junho, o país chegaria à conquista da sua segunda Copa do Mundo e de forma consecutiva depois do primeiro título em 1958.
As comemorações eram avassaladoras e o Brasil estava em uma efervescência popular enorme por conta de todas essas transformações juntas.
O que fazer com o décimo terceiro?
Muitas pessoas recebem o benefício do décimo terceiro e ainda se perguntam sobre o que fazer com o dinheiro extra. Esse é um questionamento muito comum por se tratar do contexto de cada pessoa.
Ou seja, depende muito da realidade de cada um. Só isso irá definir as opções disponíveis para o que fazer com o décimo terceiro, que incluem:
- Pagamento de dívidas;
- Poupar dinheiro para usar em outro momento;
- Investir a quantia para crescer o montante;
- Uso para gastos inesperados;
- Uso para gastos supérfluos.
Primeiramente, o que as pessoas que foram gratificadas com esse dinheiro precisam se perguntar é sobre a atual situação financeira.
Caso haja um endividamento no orçamento doméstico, a melhor alternativa é priorizar o pagamento das dívidas, principalmente se houver inadimplência, isto é, com parcelas em atraso de financiamentos e empréstimos.
Certamente, se uma pessoa chegou nesta situação é porque ao longo dos meses houve certa indisciplina ou, simplesmente, a conta chegou e o salário não foi o suficiente para aguentar o peso financeiro.
É possível que as pessoas que estejam nesse estágio financeiro de inadimplência ou de pagamento de dívidas não tenham controle sobre seus orçamentos e a vida financeira de forma geral.
Esse dinheiro que teoricamente seria extra deve, para as pessoas que estão endividadas, suprir a falta de disciplina ou o acontecimento do gasto inesperado que gerou tal contexto.
Caso tenha dívidas, mas os pagamentos estão endereçados e as contas majoritariamente em dia, já é possível reforçar a reserva financeira.
Muitas pessoas estão com a vida sob controle, gastam tudo o que ganham e, só pelo fato de a “vida caber” em relação ao estilo de vida e ao nível de consumo, acreditam que usar todo o dinheiro do décimo terceiro para bancar essa situação é uma boa alternativa.
E se um mês depois aquele cano de gás, que ficou de lado na manutenção, estourar? O gasto inesperado pode acabar com todo o orçamento de quem vive em cima da linha do dinheiro, ou seja, gastando tudo o que ganha até o fim do mês.
Viver assim é viver com muito risco. Por isso, uma reserva financeira vem justamente para momentos de emergências. O décimo terceiro é o momento certo para aumentar esta reserva se houver possibilidade para tal.
Afinal, em janeiro alguns gastos já são conhecidos pelos brasileiros, como o aluguel sala privativa, por exemplo. Quem tem filhos, precisa renovar a matrícula da escola, comprar materiais escolares, como cadernos, uniformes, entre vários outros artigos escolares.
O pagamento de impostos no começo do ano também é relevante. Muitas vezes, o IPVA e o IPTU ocorrem já em janeiro.
Então, é importante fazer essa reserva também por conta do próximo mês ser atípico, em relação ao resto do ano, em termos de gastos financeiros, como exame de ecg convencional.
Contar apenas com o salário de janeiro para bancar esses custos, pode não dar certo. E começar o ano assim pode já comprometer um ano inteiro.
Isso porque, se o uso do décimo terceiro for destinado para algo que dá mais prazer e que dá mais gana de viver bem a vida, como uma chopeira elétrica 50 litros, provavelmente em janeiro o orçamento pedirá um empréstimo – e isso não é bom para ninguém.
Então, uma reserva financeira garante esse extra do décimo terceiro por mais tempo, quando realmente for necessário.
Mesmo para quem tem uma situação altamente confortável, não é recomendável gastar todo o dinheiro do décimo terceiro. Afinal, quando “cai do céu” um dinheiro que as pessoas não estavam esperando no orçamento?
É muito difícil tirar uma renda extra sem contar o salário. Portanto, é necessário valorizar esse dinheiro como ele deve. Quem quer alcançar objetivos financeiros, precisa ter a mentalidade de poupar e investir esse dinheiro.
Quem não quer, por exemplo, ter uma aposentadoria mais confortável? Ou uma casa efetivamente própria para morar? Ou um gps portátil para carros? São sonhos de muitas pessoas e que só são possíveis com planejamento financeiro.
Da mesma forma que não se deve gastar todo o décimo terceiro, guardar todo esse montante ou investir ele inteiro também não é algo que se costuma recomendar.
Teoricamente, se há espaço para investir toda essa quantia, é porque o planejamento foi feito à risca e o trabalho foi bem feito na parte financeira. Mas jogar tudo em uma conta de investimento é uma opção de cada um.
Porém, quem tem uma vida mais confortável tem a possibilidade de usufruir desse dinheiro com mais parcimônia, podendo pegar metade e colocar, talvez, no próprio negócio ou, quem sabe, colocar parte na troca de um carro.
Considerações finais
O décimo terceiro foi um benefício muito discutido e polêmico nos anos 1960, mas hoje ninguém quer mexer na regra dessa gratificação porque já faz parte da cultura financeira brasileira.
No entanto, saber o que fazer com esse dinheiro de forma antecipada garantirá melhores escolhas para a vida financeira de uma família, seja para pagar dívidas, viajar ou investir para alcançar objetivos de vida.
Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.