Um em cada cinco brasileiros estão enfrentando o problema da obesidade, de acordo com dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção ara Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada pelo Ministério da Saúde, de fevereiro a dezembro de 2016. Comparando com a pesquisa de 2006, o número saltou de 11,8% para 18,9%. O número chama atenção, não só se tratando da saúde e dos hábitos alimentares, mas também no bolso das pessoas, uma vez que o orçamento para comer fora de casa também pode acabar sofrendo um impacto.
O aumento do número de empregos e a melhora na renda dos brasileiros acabaram, consequentemente, refletindo em mudanças no estilo de vida e hábitos alimentares. Por exemplo, observa-se que na idade dos 18 aos 24 anos, idade de início de carreira, é onde se encontra o maior número de pessoas na obesidade. Acredita-se que grande motivo disso é a alimentação frequente nos “fast food”. A falta de tempo e a rotina mais agitada acaba fazendo com que muitos precisem comer fora de casa, o que acaba também impactando o bolso. Mesmo em casa, vale lembrar também da facilidade com que pedir comida para entrega vem tendo. Aplicativos de celular listam uma série de restaurantes da região que fazem os deliverys.
Não só nesse aspecto, finanças e alimentação possuem um grande paralelo, pelo fato dos hábitos, sejam eles bons ou ruins, impactarem diretamente nos objetivos. Por exemplo, podemos fazer um paralelo entre emagrecer e economizar. Ambos exigem um grande esforço, são desejados por uma grande parcela da população, e só se concretizam com a criação de hábitos. Portanto, muita gente acaba tendo dificuldade. Por conta disso, muito se procura pelas “fórmulas mágicas”, sejam elas para emagrecer ou para enriquecer, de maneira rápida e fácil. De acordo com um levantamento publicado pela nutróloga Cláudia Benevides, no International Journal of Nutrology, pela Associação Brasileira de Nutrologia, a obesidade, muitas vezes, pode ser resultado de diversas dietas que prometem resultado rápido. Paralelamente, nas finanças, já se tornou frequente escutarmos pessoas que caíram em golpes, como por exemplo pirâmides financeiras, por terem acreditado em algo que lhes traria um grande retorno.
Para se ter uma noção, de acordo com pesquisa da Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert) e do Instituto Datafolha, o valor médio nacional para refeição fora de casa (refeição completa, com prato principal, bebida não alcoolica, sobremesa e café), em 2016, foi de R$ 32,94. O número, em relação ao ano anterior, havia subido 8%, superando a própria inflação. A situação é alarmante, pois para um trabalhador que recebe salário mínimo e não recebe auxílio refeição, o custo com alimentação fora de casa, de segunda a sexta, poderia comprometer 82% do salário.
Por esses motivos discutidos acima listamos algumas dicas para economizar na alimentação:
1) Faça lista de compras
As compras de supermercado são essenciais para boa parte das famílias, pois são responsáveis pela reposição de estoques de comidas, bebidas, produto de higiene, entre outros. Porém, muito cuidado deve ser tomado na hora de fazer as compras, pois, assim como outras categoriais de comércio, o tempo todo somos bombardeados com promoções. Nos supermercados, as tradicionais “Pague 2 e leve 3” são muito comuns, porém, muitas vezes o consumidor acaba sendo induzido a compra algo que ele não precisa ou que vai ficar parado por um bom tempo. Para algumas categoriais de produtos, como produtos de limpeza e higiene, esse estoque pode até valer a pena, porém para alimentos perecíveis, a promoção pode acabar sendo um tiro no próprio pé, já que os alimentos podem estragar. Outra tendência muito comum é a compra de mais coisas do que se precisava quando vamos com fome ao supermercado. Portanto, uma boa hora para fazer as compras é após as refeições. Para evitar tais “desperdícios citados acima, a boa e velha lista de compras acaba sendo a grande aliada.
2) Trabalha fora² Leve comida de casa!
O que muita gente que trabalha fora é que os gastos com alimentação podem ser responsáveis por uma grande parcela das saídas mensais. Mesmo quem recebe vale refeição deve procurar bem os restaurantes das redondezas do trabalho e verificar quanto acabará gastando com alimentação. Se a região apresentar preços mais elevados, como por exemplos regiões perto de shoppings centers, considerar levar comida de casa deve ser considerado, pelo menos algumas vezes na semana. Tomar cuidado com o preço das bebidas, sobremesa e cafezinho também deve ser considerado, pois, o que parece um valor pequeno (R$ 4 no suco de laranja por exemplo) pode se tornar um gasto considerável (no mesmo caso do suco, R$ 80 no mês!). Também vale pesquisar locais que fazem marmita, pois estas, na maior parte dos casos, acabam saindo mais barato do que a refeição no local.
3) Procure ofertas
Seja no supermercado ou em restaurantes, o radar para aproveitar as melhores condições deve estar sempre ligado. Supermercados possuem datas de varejão de frutas e legumes, aplicativos com cupons de desconto e até produtos perto do vencimento com preços mais baratos (mas nesses casos é tomar cuidado para não comprar algo que vai acabar não sendo aproveitado). Para compras maiores, ir em atacados e comprar em quantidades maiores para estoque também costuma ter melhores preços. No caso de restaurantes, procurar promoções do dia, pratos executivos e locais com convênios podem resultar em boas economias. Para esses casos, também existem aplicativos com cupons de descontos.
4) Reaproveite as sobras
Muito dos alimentos possuem uma característica que acaba sendo um problema para a sustentabilidade e para as finanças. Por estes estragarem rápido, as sobras e os desperdícios são muito comuns. Para quem costuma cozinha em casa, procurar acertar no tamanho e na quantidade das porções é o primeiro passo. O segundo passo é procurar tentar reutilizar tudo que for possível. Vários novos pratos podem ser criados com a sobra das refeições anteriores! Cuidado também com a ordem com que você guarda os produtos nas geladeiras e prateleiras. Muitos produtos acabam ficando escondidos no fundo e acabam sendo esquecidos, e, consequentemente, acabam vencendo.
5) Não vá só pela marca
Uma grande dificuldade na hora de compra de alimentos é escolhê-los, pela infinidade de marcas que existem. Produtos mais caros e de marcas mais conhecidas nem sempre significam que são os de melhor qualidade. Procure ler os rótulos e pesquisar sobre outras marcas, buscando sempre o melhor custo-benefício. Vários supermercados possuem suas próprias marcas de produtos, que costumam ter boa qualidade e um preço bem inferior aos mais renomados. Para frutas, carnes e legumes, as feiras e varejões costumam também apresentar ótimos produtos com preços mais atraentes.
Essas são apenas algumas das dicas que mostram a grande relação que existe entre a alimentação, saúde, sustentabilidade e finanças. Um equilíbrio entre todas essas partes, por conta de um consumo consciente e planejado acaba trazendo ótimos benefícios e melhor qualidade de vida.