Até certo tempo, quem gosta de assistir filmes em casa tinha três opções: comprar o VHS/DVD/Blu-ray, alugar o filme em uma videolocadora ou assistir ao filme que estava passando na TV. A primeira opção acabava tendo, na maioria das vezes, um custo-benefício alto, pois uma pessoa que queria assistir o filme só uma vez, por exemplo, acabava pagando um valor considerável por um produto que seria usado uma única vez. Na segunda, o custo-benefício já era melhor, porém acabava exigindo deslocamento até estabelecimentos que alugavam filmes duas vezes, uma para retirar e outra para devolver, e, caso houvesse atraso, ainda poderia gerar multa. E por fim, assistir ao filme na TV era uma boa opção do ponto de vista da comodidade, mas que, sujeitava a pessoa a assistir o filme que estava passando, sem muitas opções de escolha e sujeitando-se ao horário em que o mesmo seria transmitido.
A tecnologia e a inovação surgiram como uma nova solução para essas pessoas. A Netflix, e posteriormente outras plataformas, passaram a oferecer uma forma diferente: através de uma plataforma online, com um acervo de filmes, as pessoas escolhiam o que queriam assistir, na hora que quisessem, e, de forma ilimitada. E, ao invés de pagar por cada um desses filmes, o valor passou a ser pago na forma de mensalidade, mais conhecido hoje como uma assinatura.
Pois é, o caso da Netflix é um caso bem interessante para entendermos como as inovações, em todos os setores, acabam surgindo. E, projetos de sucesso como estes não acontecem só nos grandes negócios, visto que os fundadores de uma empresa de entrega de DVD’s (que viria a se tornar a Netflix) foram vistos como motivo de piada pela Blockbuster, até então uma empresa gigantesca de locação de filmes. O final da história já conhecemos: a Netflix tornou-se uma corporação mundial, uma das empresas de mídia mais valiosas do mundo, enquanto a Blockbuster entrou em pedido de falência.
Venda de Recursos x Assinaturas
Conforme já trouxemos aqui no blog, para auxiliar nesse processo de criação de novos negócios, a Modelagem de Negócios é uma excelente opção. No caso da Netflix, vimos que, mais do que uma nova Proposta de Valor para o mercado de filmes, vemos que a inovação também veio na Fonte de Receita. Ao invés das cobranças únicas (no livro Business Model Genetarion também definida como Venda de Recursos), trouxeram a ideia da assinatura, hoje também chamada de Economia da Recorrência.
Dessa forma, produtos e serviços que costumavam ser vendidos somente na forma de venda avulsa, hoje podem ser assinados. São inúmeras as opções: vinhos, cervejas, flores, roupas, livros, produtos de beleza e higiene pessoal, brinquedos, acessórios, e por aí vai. O que parece óbvio e que hoje funciona muito bem, exigiu muita criatividade e uma verdadeira quebra de paradigmas de quem criou.
Empréstimos e Aluguéis
Além da Taxa de Assinatura e da Venda de Recursos, o livro Business Model Generation também traz outras fontes de receita inovadoras e que vêm aparecendo em novos segmentos. É o que acontece, por exemplo, com Empréstimos/Aluguéis e Leasing. Até então, eram fontes de receita comuns nos aluguéis de carros, roupas para festas e imóveis. Hoje, existem empresas que oferecem essas fontes de receita provenientes de objetos do dia-dia (ferramentas, equipamentos), roupas casuais, roupas e acessórios de inverno e por aí vai.
Taxa de uso, Licenciamento, Taxa de Corretagem e Anúncios
Também temos algumas outras fontes de receita, como Taxa de Uso, Licenciamento, taxa de corretagem e anúncios.
No caso da taxa de uso, basicamente paga-se pelo uso de um determinado serviço. Quanto mais o serviço é utilizado, mais o cliente paga. É o que acontece, por exemplo, com pacotes de dados de operadoras de celular, hospedam em hotéis e serviços de entrega de encomendas.
O licenciamento dá aos clientes a permissão de utilizar uma propriedade intelectual protegida, em troca de taxas. É o que acontece com vários softwares, pelos quais paga-se uma taxa para poder utilizá-los por determinado período.
A taxa de corretagem é uma fonte de receita que tem origem em serviços de intermediação, executados em prol de duas ou mais partes. É o que acontece, por exemplo, com as imobiliárias. Quando é feita a venda ou aluguel de um imóvel, a mesma ganha uma comissão por ter aproximado as duas partes interessadas. Outro exemplo bem comum é o que acontece com as operadoras das maquininhas de cartão de crédito, que possibilitam que um estabelecimento parcele o valor que tem a receber de seu cliente. Fazendo essa intermediação, uma comissão acaba sendo repassada às operadoras.
Por fim, a fonte de receita via anúncios resulta de taxas para anunciar determinado produto, serviço ou marca. Espaços e sites bem frequentados possibilitam que outras marcas anunciem em seus espaços, pagando determinado valor por isso. Jornais, Revistas, canais de televisão, Influencers, Blogs e o próprio Google usam muito esse tipo de fonte de receita.
Ou seja, vemos que um negócio tem mais de uma forma de receber recursos pela venda de seus produtos ou serviços. Novos modelos são criados a cada dia e, que, podem representar um diferencial em relação ao que já existe. Justamente por isso, na hora de fazer a precificação, além dos cálculos e pesquisas, tenha a criatividade inserida neste processo também.