Que atire a primeira pedra quem nunca abriu o Netflix para escolher algo para assistir, ficou passando o botão para o lado, filme por filme, série por série, por um longo tempo, e, no final das contas, perdeu um tempão e acabou não assistindo nada.
O fato acima não acontece somente com a escolha de filmes e séries. Na hora de comprar um celular, por exemplo, muita gente acaba se perdendo ou até desistindo pela grande quantidade de marcas e modelos. Casos com essa diversidade de opções são, cada vez mais, comuns no nosso dia a dia. De acordo com o psicólogo Barry Schwartz, a explicação para cenários como estes é chamada de Paradoxo da Escolha.
De acordo com o bom senso convencional, quanto mais opções as pessoas têm, mas felizes elas se sentem. Imagina-se que a maior forma de garantir a liberdade é maximizar o número de escolhas. E acabamos tendo sempre uma sensação incômoda de que o produto ou serviço que escolhemos, dentre as diversas opções, deveria ser o produto perfeito, mas acabamos nos dando conta de que não era. Isso acaba trazendo um incômodo. Ou seja, ao invés da sensação de liberdade, acaba vindo uma paralisia.
Por outro lado, quando falamos em várias opções de marcas ou empresas, ou seja, um mercado mais concorrido, pode haver uma melhoria nos serviços e qualidade nos produtos. Mas, mesmo assim, a incerteza acaba vindo no pacote.
O psicólogo econômico Dan Ariely fez uma experiência muito interessante em um supermercado na Califórnia: em um estande de degustação, os pesquisadores variaram entre alguns dias o oferecimento de geleias. Em alguns dias, ofereciam 6 sabores, enquanto que nos outros ofereciam 24. Nos dias com mais opções, o estande ficava mais movimentado. Porém, em relação às vendas, nos dias com mais opções as pessoas compraram menos, pois as pessoas ficavam confusas e incertas. Nestes dias a conversão em vendas foi de 3%. Já no dia com menos amostras, a conversão foi de 30%!
Isso mostra que o nosso cérebro, quando deparado no cenário de excesso de opções, fica “perdido”, dificultando a tomada de decisão, e, podendo até poupar esforço e desistir da escolha.
E como isso fica no mercado financeiro?
A empresa Vanguard fez um estudo envolvendo programas de aposentadoria voluntária. Percebeu-se que, a cada dez novos fundos de investimentos oferecidos, a adesão dos funcionários baixava 2%.
Desde a crise econômica de 2008, em paralelo com os avanços da tecnologia, vivemos um período de revolução no mercado financeiro. Foi nesse momento que surgiram as Fintechs, empresas de tecnologia com foco em solução financeira, que passaram a oferecer diversas novas opções de produtos e serviços. De acordo com o último Radar Fintech Lab, aqui no Brasil já existem mais de 600 iniciativas mapeadas. São novas opções de bancos, cartões, plataformas de investimentos, plataformas de empréstimos, aplicativos para controle financeiro, seguros, e por aí vai.
Mesmo dentro das diversas plataformas de investimentos que existem, ainda existe uma grande quantidade de investimentos disponíveis: fundos, títulos de renda fixa, ações, etc.
E, se por um lado esse aumento da quantidade de opções de plataformas vem ajudando o mercado financeiro a ter melhores serviços, por outro lado, pode levar muita gente a um cenário de confusão e insegurança, podendo resultar na escolha de ficar onde já está ou ir pelo que já era conhecido. É algo similar ao que já trouxemos enunciando a quinta lei da educação financeira: a Inércia Financeira.
Por tanto, para aproveitar essa revolução da melhor forma possível, é importante buscar uma boa base de educação financeira e boas referências.